Os índices da produção industrial, do emprego e a capacidade instalada cresceram, em setembro, segundo a pesquisa Sondagem Industrial, divulgada nessa quarta-feira (3), pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS). A produção atingiu 53,8 pontos, e revela elevação em relação a agosto, a quinta consecutiva. O desempenho foi bem melhor ao esperado pela sazonalidade, que é de queda no período – a média histórica do nono mês do ano é de 48,4 pontos. “Nos últimos 16 meses, apesar das dificuldades provocadas pela pandemia, em apenas dois, dezembro de 2020 e abril de 2021, a atividade não cresceu. Demonstra que, apesar de continuarem as restrições em função da escassez ou alta nos preços dos insumos, a indústria gaúcha começa a firmar sua retomada”, diz o presidente da FIERGS, Gilberto Porcello Petry.
O emprego também segue a mesma dinâmica: o índice chegou a 53 pontos em setembro, quando a média do mês costuma ser de 49,2. A criação de vagas na indústria gaúcha avança ininterruptamente desde julho de 2020. Os indicadores variam de zero a cem pontos, sendo que valores acima de 50 representam aumento na comparação com o mês anterior.
O aquecimento da atividade industrial no Estado é confirmado também pela utilização da capacidade instalada (UCI). Em setembro, atingiu 75%, nível igual ao de agosto, mas o maior para o mês desde 2013 e superior ao da média dos mesmos meses (71,1%). Os empresários consideraram a capacidade utilizada muito próxima do normal para o mês. Aos 49,8 pontos, o índice de UCI em relação à usual está perto da linha divisória dos 50.
Já o índice de evolução dos estoques ficou em 51,7 pontos no mês, crescimento em relação a agosto. O índice de estoques em relação ao planejado, por sua vez, registrou 49,9 pontos. Praticamente na marca dos 50, mostra estoques no nível desejado pelas empresas.
PROBLEMAS – A falta ou alto custo da matéria-prima continua, na visão dos empresários que responderam à pesquisa, como o grande problema enfrentado pela indústria gaúcha no terceiro trimestre, com 70% das assinalações, 5,1 pontos percentuais menos do que no segundo. O item é o maior entrave desde o terceiro trimestre de 2020. A elevada carga tributária, apontada por 33,2% das empresas, a taxa de câmbio, por 30%, e a demanda interna insuficiente, por 21,4%, se mantiveram na segunda, terceira e quarta posições como as principais dificuldades no período, seguidas da falta ou alto custo da energia elétrica e da falta de trabalhador qualificado.
Ao analisar as condições financeiras das empresas, a Sondagem mostra insatisfação com a margem de lucro e menor satisfação com as condições financeiras no terceiro trimestre. Os índices alcançaram 47 pontos (+0,3 ante o segundo trimestre) e 52,3 (-1,6 ante o mesmo período), respectivamente. De acordo com a pesquisa, o acesso ao crédito ficou ainda mais difícil: o índice atingiu 42,8 pontos, 1,3 menor que no trimestre anterior. Nesse caso, quanto mais abaixo dos 50 pontos, maior a dificuldade.
Quanto aos próximos seis meses, todos os índices que medem as expectativas dos empresários continuaram acima de 50 no levantamento realizado entre 1º e 15 de outubro, indicando perspectiva de crescimento. Mas, com exceção das exportações (56,2 pontos, +0,7 ante setembro), recuaram demanda (59,8 pontos, -2,1), emprego (56,1 pontos, -0,3) e compras de matérias-primas (58,4 pontos, -2,1).
Pelo terceiro mês consecutivo, diminuiu a propensão do empresário gaúcho a investir. Em outubro, o índice de intenção de investimento caiu um ponto frente a setembro, para 57,8. Mesmo assim, 64,5% dos empresários mostram disposição para isso nos próximos seis meses.
A Sondagem Industrial foi realizada com 220 empresas, sendo 41 pequenas, 75 médias e 104 grandes. Clique aqui e acompanhe a pesquisa completa.