Porto Alegre, terça, 26 de novembro de 2024
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Literatura: Alessandro Castro lança 'Vertex, o livro do conhecimento'. Policial rodoviário federal e professor de literatura reúne 18 contos em sua primeira obra

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Leia 'Vertex' e descubra o que essa foto do autor jogando Xadrez tem a ver com a obra.

 

 

Conheço Alessandro Castro há mais de 20 anos, como policial rodoviário federal. Não sabia que paralelamente foi professor de literatura em escolas e pré-vestibulares. Sim, me surpreendi com a informação de seu passado ligado a salas de aula e do lançamento de “Vertex, o livro do conhecimento”, obra que reúne histórias  bem diferentes – mostrando o quanto ele é eclético -.  Natural de Santo Ângelo, morando em Porto Alegre há quase três décadas, o autor que eu imaginava jornalista é na verdade formado em Letras, com mestrado em Machado de Assis.

Os textos de “Vertex”, vão do primeiro dia de escola a atribulada vida de um professor de literatura para alunos do Segundo Grau. Passam pelos relacionamentos na idade adulta, sempre difíceis mas pontuados com bom humor. O livro reúne dezoito histórias com feitio e temática diversas, terreno propício ao exercício literário ao qual o autor se propõe desde a primeira linha. São divididos em três grandes blocos, baseado nos assuntos explorados ao longo das narrativas. “A obra apresenta estilos variados propositalmente.”, diz ele. O autor mexe no barro do qual somos feitos e suja as mãos com uma argila mal definida e difícil de moldar. Mesmo assim, considera a tarefa prazerosa. Ao manipular essa massa através das palavras, pôde moldar sua faceta literária, não necessariamente como é, mas como a enxerga. “Regras para enquadrar nossos dramas não existem,” diz ele, “mas podemos remediar as dores do viver na medida em que surgem.”

Alguns dos contos, de tão antigos, já foram experimentados em coletâneas coletivas ou ganharam publicação através de concursos literários. Vertex é uma palavra latina e deu origem ao vocábulo vértice, que significa o ápice de uma obra, o ponto culminante. Segundo o autor, a escolha “não foi por mero acaso, ele garante que sonhou com a capa do livro. Ao acordar, consultou o significado e entendeu a mensagem: a palavra latina é o ponto culminante de um sonho de, um dia, tornar-se escritor.

Alessandro Castro e Luís Fernando Veríssimo

Alessandro compilou histórias que alternam estilos e temáticas de maneira proposital. Elas almejam saber da alma – que sabe indevassável – sem a pretensão de pautar a vida humana, ao fazer de ambas sua matéria-prima. O livro ambiciona mostrar o que somos ou poderíamos ser, com algo de fantástico aqui e ali, outro tanto alicerçado no humor e na ironia. Inevitavelmente, muitos são baseados na realidade que consegue ser cruel, inclusive na literatura. Ainda assim, todos os contos carregam em si cicatrizes provocadas pela passagem do tempo e por leituras diversas, basilares para compreender – eterna pretensão de quem escreve – o ser humano.

As fontes de inspiração são as leituras realizadas desde a juventude de Luís Fernando Veríssimo e, na graduação em Letras, de Machado de Assis, Lygia Fagundes Telles, Saramago e Kafka, dentre outros mestres que, segundo ele, o inspiraram.

Em 2022, Alessandro deverá publicar uma coletânea de suas crônicas produzidas durante estes tempos pandêmicos, enquanto trabalha na escrita de um romance histórico.