Porto Alegre, segunda, 25 de novembro de 2024
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Jogo do faz de conta: Valdemar diz que mensalão foi invenção de Jefferson, por Letícia Casado/Veja

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VERSÃO - Costa Neto, hoje e em 2013, quando foi preso: o mensalão teria sido uma mentira de Roberto Jefferson - Pedro Ladeira/Sergio Lima/Folhapress/.

 

 

Desde que foi condenado e preso por corrupção, o ex-deputado Valdemar Costa Neto se impôs o silêncio. Ele não gosta de falar do passado, particularmente sobre os tempos em que seu então partido, o PR, dividiu grandes nacos do poder com o PT. Em 2002, quando Lula precisava sinalizar ao eleitorado de direita para viabilizar sua candidatura, coube ao PR indicar o vice-presidente da chapa, o empresário José Alencar. No governo, os republicanos foram contemplados, entre outros postos, com o comando do Ministério dos Transportes. O restante da história é bastante conhecido. Em 2005, explodiu o escândalo do mensalão, Valdemar foi condenado a sete anos de prisão, cumpriu a pena, foi libertado, em 2014, reassumiu o comando do partido, que agora se chama Partido Liberal (PL), e, hoje, de volta ao centro do palco político, aliou-se ao presidente Jair Bolsonaro. Recentemente, o ex-deputado, não se sabe exatamente por que, também passou a difundir uma nova e ampliada versão sobre um desses eventos. O mensalão, segundo ele, não existiu. Um dos principais escândalos de corrupção da era petista teria sido uma invenção maldosa do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), que levou à cadeia duas dezenas de inocentes, entre políticos e empresários. Uma tremenda injustiça.

No mundo real, Valdemar e Jefferson eram parceiros — na política e no crime. Em 2012, o Supremo Tribunal Federal (STF) condenou ambos por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Documentos, testemunhos e provas reunidas ao longo de seis anos de apuração mostraram que empresários e ministros de Lula operavam uma engrenagem que desviava dinheiro dos cofres públicos para um caixa que tinha como objetivo subornar parlamentares e dirigentes partidários que formavam a base de sustentação política do governo no Congresso. O caso começou a ser desvendado a partir de uma reportagem de VEJA sobre um funcionário dos Correios flagrado recebendo propina. Numa gravação em vídeo, o servidor confessava que ele era apenas peça de uma estrutura maior espalhada por várias empresas estatais e órgãos da administração federal. Na sequência, o deputado Roberto Jefferson, então aliado do PT, revelou a existência do esquema clandestino de pagamento de mesadas aos políticos — o que ele chamou de “mensalão”. Os envolvidos, alguns réus confessos, foram condenados e presos. Valdemar cumpriu um ano em regime fechado e, desde então, se nega a falar sobre o caso.

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