Porto Alegre, terça, 26 de novembro de 2024
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RS: Missão internacional nos EUA começa com visita ao Brooklyn Bridge Park, em NY

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Parque é administrado por organização sem fins lucrativos que planeja, constrói, mantém e opera a área - Foto: Maicon Hinrichsen / Palácio Piratini

No primeiro dia da missão internacional nos Estados Unidos, nesta segunda-feira (7/3), o governador Eduardo Leite e o grupo de secretários que compõe a comitiva fizeram um tour pela Brooklyn Bridge Park, em Nova York. Localizado à beira do East River, logo abaixo da Brooklyn Bridge, o parque tem 34 hectares e abrange jardins, trilhas ao longo do rio, espaços esportivos e de lazer, restaurantes, além da vista para Manhattan.

No local, a comitiva foi recebida pelo presidente do Brooklyn Bridge Park, Eric Landau. O objetivo da visita foi conhecer o modelo de concessão adotado pelo parque para identificar como é possível adaptar a experiência para o Rio Grande do Sul – em especial, para a revitalização do cais do porto, em Porto Alegre. O espaço em que se localiza hoje o Brooklyn Bridge Park era uma área portuária consorciada entre os estados de Nova York e Nova Jersey que deixou de ser utilizada.

“É interessante observar que foram 20 anos de debate com a comunidade daqui. Pensamos que as nossas dificuldades são um absurdo, e realmente, foi um bom tempo, mas a realidade não é diferente aqui nos Estados Unidos, onde temos uma iniciativa privada com sede de investir. Também foram 20 anos aqui, mais 10 anos para decidir os moldes de concessão e para construir o parque. Tenho confiança de que conseguiremos superar os desafios e renovar um parque renovado a partir do cais”, disse o governador.

A cidade de Nova York recebeu a área e criou uma entidade, o Brooklyn Bridge Park, que faz a oferta das áreas ao setor privado. Há algumas diferenças entre o modelo de concessão entre o Brasil e os Estados Unidos, porém. Na legislação americana, a entrega de um espaço para construção pode ser de até 99 anos – no Brasil, a concessão é válida por, no máximo, 50 anos.

“Extraímos daqui a possibilidade de fazer uma parceria com o setor privado como a que estamos desenhando no RS. Nossa intenção é vender as áreas onde se pode construir prédios, e com os recursos auferidos nessas vendas, faremos o investimento, como também foi feito aqui no BBP, com investimento de US$ 400 milhões da prefeitura e do estado de NY. Ainda está previsto o investimento na recuperação da área do Cais Mauá e, na modelagem, será estruturado algo que garanta que o setor privado também seja responsável pela manutenção das áreas. Não basta entregarmos o espaço requalificado, mas precisamos ter garantia de manutenção e também da operação do parque”, disse Leite.

Secretário extraordinário de Parcerias, Leonardo Busatto lembrou que 10% da área do BBP é destinada ao setor privado – hotéis, restaurantes e espaços comerciais. No Cais Mauá, será menos de 10% do espaço reservado a isso. “Teremos uma área pública, com espaços comerciais. Vale destacar também que foram necessários dez anos para construção do BBP. É um processo feito por etapas e, na medida em que foi sendo executado, a comunidade, que tinha uma certa resistência, começou a ver que aquela revitalização trazia vida, movimento e receita, então a aceitabilidade do projeto foi ficando cada vez maior. Esse será nosso desafio, em Porto Alegre: mostrar que é possível e fazer com que as pessoas voltem a poder usufruir do espaço do cais do porto. Vemos muitas similaridades entre os dois casos”, detalhou o secretário.

O parque é operado pelo Brooklyn Bridge Park Corporation, organização sem fins lucrativos que planeja, constrói, mantém e opera o Brooklyn Bridge Park.

Visita ao Comando de Operações Conjuntas do NYPD

O Comando de Operações Conjuntas do New York Police Department (NYPD) também foi uma das paradas da comitiva nesta segunda-feira (7). Centro de comando e controle operacional e estratégico da cidade de Nova York, o local serve para o monitoramento de protestos e grandes eventos, por exemplo, e como ferramenta de prevenção e combate ao crime. Leite foi recebido pelo agente especial Tony Emmanuel e pelo tenente John Mahon, que detalhou o funcionamento do local. São 50 mil câmeras de segurança espalhadas pela cidade e observadas pelos 35 mil policiais da força policial nova-iorquina.

“Já havíamos buscado inspiração no trabalho da polícia de NY para a estruturação do sistema GESeg (plataforma para expandir análise automática de dados no combate ao crime). Foi importante termos a noção de que estamos no caminho certo. Conhecemos melhor as tecnologias utilizadas com relação ao uso de softwares que, acoplados ao sistema de monitoramento, ajudam o enfrentamento da criminalidade. Estamos em um bom caminho no RS e isso reforça que os investimentos feitos no RS Seguro e agora no Avançar na Segurança Pública, estão na direção correta”, disse Leite.

Agenda de sustentabilidade para o RS

Acompanhado dos secretários Alsones Balestrin (Inovação, Ciência e Tecnologia), Artur Lemos (Casa Civil), do procurador-geral do Estado, Eduardo Cunha da Costa, da diretora de Operações do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Leany Lemos, e do líder do governo na Assembleia Legislativa, Frederico Antunes, o governador se encontrou com o diretor do Center for Sustainable Development, Jeffrey Sachs, e a diretora da Columbia Center on Sustainable Investment, Lisa Sachs.

Leite apresentou planos de investimento para descarbonização e transição energética da economia para o Rio Grande do Sul. O plano de transição elaborado para o Paraguai é uma das referências do projeto gaúcho.

“Queremos fazer um acordo com esse centro para que possamos desenvolver nosso próprio plano de ação. Os pontos são um trabalho para o descomissionamento de usinas de carvão, sobre as quais teremos de desenvolver um plano estratégico para desativar ao longo das próximas décadas e, com isso, um planejamento de reconversão econômica das famílias e das regiões que dependem dessa economia. Também falamos sobre quais ações podemos empreender para reduzir emissões a partir da transformação do uso da terra, plantações e criação de gado, por exemplo, e sobre o transporte público, segundo maior gerador de efeito estufa”, detalhou Leite.

Segundo o governador, o plano de ação de redução de gases de efeito estufa começa pela transformação do transporte coletivo. “O Earth Institute da Universidade de Columbia pode ser um ponto de apoio. Os Estados estão atuando mais fortemente nessa agenda, mas ainda falta inteligência, estrutura de recursos humanos que estejam pensando nessa pauta no nível subnacional. Então, é importante trazermos esses apoios externos”, reforçou.

Por fim, o governador visitou a sede do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) encarregado de ajudar os países a eliminar a pobreza e alcançar o crescimento econômico sustentável e o desenvolvimento humano. Com sede na cidade de Nova York, é a maior agência de ajuda ao desenvolvimento da ONU, com escritórios em mais de 170 países e territórios. No local, Leite foi recebido pelo chefe de Engajamento Estratégico e economista-chefe do programa, George Gray Molina.

“Essa troca com o PNUD é estratégica dentro das relações com o RS pelo o que pretendemos construir de oportunidade de desenvolvimento sustentável. Estamos especialmente interessados em buscar parcerias que possam nos dar suporte na estruturação de políticas públicas. Pode ser uma oportunidade de trabalharmos junto aos consultores do PNUD na transformação das matrizes energéticas e da forma de redução de emissão de gases de efeito estufa”, afirmou Leite.

AA diretora de operações do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) Leany Lemos disse que o PNUD faz parte do grupo de trabalho de financiamento sustentável do G20. “Todas as decisões globais sobre métricas e padrões de economia sustentável passam hoje pelo PNUD. Então, essa conexão entre o RS e o PNUD é bastante relevante”, detalhou.

O PNUD também trabalha com laboratórios de aceleração para os objetivos da agenda do desenvolvimento sustentável, voltadas especialmente ao ESG – meio ambiente, social e governança.

Texto: Suzy Scarton
Edição: Marcelo Flach/Secom