O segundo dia do 35° Fórum da Liberdade foi aberto nesta terça-feira (12) com o painel “Lucro e sustentabilidade são compatíveis?”. Os debates tiveram as participações de Tobias Chanan, fundador e CEO da Empório Body Store e co-fundador e co-CEO da Urban Farmcy, Leandro Narloch, autor do Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil e do Guia Politicamente Incorreto da Economia Brasileira, e de Alexander McCobin, CEO da Conscious Capitalism Inc. desde 2017, mestre em Filosofia pelas universidades da Pensilvânia e Georgetown.
O painel teve como ponto de partida o conceito de ESG (Environmental, Social and Corporate Governance), ou governança ambiental, social e corporativa, que é uma abordagem para avaliar o trabalho de empresas com objetivos sociais que vão além do papel de uma corporação para maximizar os lucros. Leandro Narloch falou sobre a relação entre o capitalismo e os métodos mais eficientes para diminuir o impacto ambiental sem afetar o consumo. “Se nós pensarmos que sustentável é o que causa menos impacto, nós mudamos o nosso conceito. Precisamos encontrar formas de ter mais consumo com menos uso de recursos, isso é inovação e tecnologia”, destacou.
Tobias Chanan salientou a necessidade, na venda de alimentos, de garantir a informação para que o consumidor tenha o direito real de escolha dos produtos que consome. “Há um salgadinho que carrega o slogan ‘é impossível comer um só’. E é genial, eu consumia até ver o fim do pacote. O fato é que esses produtos são elaborados para acionar áreas do nosso cérebro que geram fissura, dependência, são de baixa densidade calórica. Dá um gatilho para consumir mais e mais. É a união de sal, açúcar e gordura. O meu objetivo não é ficar militando contra essas marcas, mas sim trazer à tona o fato de que a oferta deve estar comprometida com o consumo. Eu preciso de informação para ter a liberdade de tomar a decisão. Isso deve ser uma iniciativa da oferta, senão ficamos novamente à mercê de o Estado regulamentar, o que geralmente vem cheio de furos na possibilidade de criar artifícios para embarcar o consumidor. Sustentabilidade com lucro é possível, eu não tenho dúvida, mas eu penso que para que isso seja possível, a sustentabilidade também deve fazer parte do cerne do negócio”.
Narloch observou que o lucro é o motor que une as necessidades da sociedade atual com ideias inovadores. “O lucro organiza o desejo da sociedade com os nossos desejos, os nossos interesses”, disse, ao citar inovações como painéis solares que funcionam à noite ou um sistema que identifica rapidamente os vazamentos na rede de água de cidades. “Todas essas inovações aconteceram porque temos um sistema que chamamos de capitalismo, mas talvez o melhor nome seja inovacionismo. Quem consegue evoluir os processos tem vantagem. Quem quer lucrar tenta diminuir custos na cadeia de serviços”, completou.
Alexander McCobin ressaltou a importância de que as iniciativas sustentáveis partam das empresas, e não que sejam imposições governamentais, por exemplo. “Se os negócios estão pensando a longo prazo, criando valor, isso permite mais criatividade para lucrar mais ao mesmo tempo. Achar soluções para os problemas. É imperativo enfatizar que as soluções sejam geradas de baixo para cima, criando soluções sustentáveis”, disse.