Como explica o cardiologista fetal e coordenador do Instituto, Marcelo Brandão da Silva, a realização do procedimento evita que o feto apresente piora dos sinais de insuficiência cardíaca, com a dilatação do lado esquerdo do coração e acúmulo de líquidos que podem provocar a evolução para óbito. “Mesmo quando não ocorre o óbito do bebê, o quadro costuma se tornar extremamente grave, pois o lado esquerdo do coração começa a atrofiar de forma que, quando o bebê nasce, apresenta-se com “hipoplasia do coração esquerdo”, uma doença muito grave que necessita de cirurgia cardíaca logo após o nascimento, e mesmo assim a maior parte desses bebês acaba não resistindo. A abertura da valva na vida fetal impede que isso aconteça”, disse.
Nesse tipo de cirurgia, o acesso até o coração do feto é realizado com uma agulha, por onde é passado um cateter balão até chegar na valva aórtica do bebê, dilatando-a. “Esse procedimento é extremamente complexo e envolvia riscos para o bebê, porém, era fundamental para uma real possibilidade de melhora do feto, permitindo reverter o quadro de insuficiência cardíaca e o crescimento do ventrículo esquerdo, além de melhorar muito a possibilidade de sobrevivência após o nascimento”, destacou. Segundo Brandão, o primeiro caso realizado na Santa Casa foi um sucesso e, uma semana após o procedimento, os exames continuam mostrando que a valva permanece aberta, com importantes sinais de melhora do quadro de insuficiência cardíaca.