O ônibus estaciona no asfalto tingido pela terra vermelha e a criançada desce correndo em direção àquela fachada de pedras que remanesce no descampado. A experiência de visitar as ruínas de São Miguel das Missões remonta à fase escolar de boa parte dos gaúchos. Desde que se reconheceu o sítio arqueológico no noroeste do Rio Grande do Sul pela Unesco em 1983 como patrimônio da humanidade, tornou-se destino habitual.
Lá, o que se vê em livros didáticos ganha vida e complexidade. Seu magnetismo desperta todo um potencial para se pensar o passado, o presente e o futuro. Os estudantes voltam para casa relatando o contato com os indígenas que vendem artesanato no parque. Eventualmente, acabam levando consigo algum artefato repleto de atributos espirituais.
O patrimônio material das Missões Jesuítico-Guarani na América Meridional se reconfigura com o tempo. As imagens de santos entalhadas nos séculos XVII e XVIII em madeira de cedro, por exemplo, sempre circularam além das igrejas, sendo reapropriadas em diferentes contextos e épocas como objetos de herança e devoção. Enquanto isso, iniciativas contemporâneas buscam ressignificar este pretérito, a exemplo da música nativista missioneira e da produção cinematográfica guarani.
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