A noite de Porto Alegre não era mais uma criança para o jovem José Cássio Soares Rodrigues quando ele topou acidentalmente, no primeiro semestre de 1990, com a placa de “aluga-se” em uma casa de esquina no bairro Higienópolis, Zona Norte. Coproprietário de uma agência de marketing e ex-sócio do famoso bar Porto de Elis (1983-1994), onde havia atuado como garçom, copeiro e DJ, ele tinha 23 anos, matrícula trancada no curso de Direito e a convicção de investir em um negócio para chamar de seu. Uma boate, de preferência.
Não faltavam fichas para a aposta. Caderneta de poupança, venda da cota na empresa e grana do consórcio de um Chevette somavam em cruzeiros o equivalente a atuais R$ 50 mil. Compatíveis com um plano cujo gatilho havia sido o gosto de Rodrigues por eventos e música, aprimorada desde os 13 anos em aulas de violão, piano e bateria – venceu um festival no Colégio Anchieta com sua banda Nascente, batucou para nomes locais (Galileu Arruda, Nando Gross) e excursionou durante oito meses pela Argentina com uma cantora brasileira, antes do retorno para o serviço militar.
Cria do bairro Petrópolis, onde era vizinho do bar Caverna do Ratão (1955-2022), José Cássio sondou alguns points concorridos da boemia na capital gaúcha daquele turbulento começo de década (inflação, confisco de aplicações financeiras). Mas uma série de motivos acabou direcionando o radar para uma rua pouco ou nada explorada pelo segmento até aquela época: a Dom Pedro II, com seu 1,7 quilômetro de extensão entre as avenidas Benjamin Constant (São João) e Plínio Brasil Milano (Auxiliadora) – esta sim, povoada de bares, danceterias e restaurantes.
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