Diferentes indicadores começam a mostrar uma piora na percepção de risco fiscal no Brasil. Desancoragem da meta de inflação, alta do dólar, queda da Bolsa e piora do risco-país são alguns deles.
Segundo economistas e analistas políticos, a deterioração das expectativas é uma reação ao avanço, no Congresso, da PEC (proposta de emenda à Constituição) que gera R$ 41 bilhões de gastos excepcionais até o final de 2022, com chances de serem prorrogados nos anos seguintes.
A avaliação é que a medida é eleitoreira e populista. Simula um estado de emergência para liberar a distribuição de benefícios a três meses da eleição, na tentativa de reverter o mau desempenho do presidente Jair Bolsonaro (PL) na corrida à reeleição neste ano.
“O governo brasileiro passou três anos falando em modelo liberal para a economia e em responsabilidade fiscal, sem mencionar preocupação com pobreza, desigualdade ou vulneráveis. A inflação já vinha corroendo a renda e famílias já estavam ficando sem comida, mas só agora, na eleição, vem uma PEC que eleva gastos sociais”, afirma o cientista político Hussein Kalout, conselheiro consultivo internacional do Cebri (Conselho Brasileiro de Relações Internacionais) e pesquisador da Universidade Harvard, nos EUA.
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