“É tristeza o nome da doença, a pior que tem”, diz Gerson Hein, 48, secando a testa com o antebraço numa manhã ensolarada de inverno. Enquanto segura uma muda verde de fumo, as botas sujas de terra, ele aponta para os cinco bois do outro lado da cerca.
“Eles tão tudo assim felizes pastando, mas tem que estar sempre prestando atenção. Se um se isolar do bando, arriar as orelhas e murchar o rabo, tem alguma coisa de errado.” O agricultor fala dos bichos, mas o assunto é gente: “Dá igual no ser humano, dá e mata”.
Gerson felizmente nunca viu de perto, mas sua propriedade fica numa região onde casos de enforcamento já não chocam mais. A cidade é Venâncio Aires (RS), a uma hora de Porto Alegre, que historicamente tem uma das mais altas taxas de suicídios do Brasil.
Foram nove óbitos e 38 tentativas só nos seis primeiros meses deste ano, sendo agricultores como ele as vítimas mais comuns. O município gaúcho de 72 mil habitantes reflete um país que adoece mentalmente e acumula uma multidão de deprimidos e ansiosos e, consequentemente, de mortos.
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