Fontes renováveis, como a solar e eólica, crescem de participação na matriz energética brasileira, mas ainda existe muito espaço a ser conquistado. Esse foi um dos assuntos abordados, nessa quinta-feira (28), no VI Fórum de Geração Distribuída de Energia com Fontes Renováveis no Rio Grande do Sul, realizado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS) – por meio do Instituto Euvaldo Lodi (IEL-RS) e do Conselho de Infraestrutura (Coinfra) – e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-RS). O evento teve apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-RS) e do governo do Estado do Rio Grande do Sul.
O coordenador do Grupo Temático de Energia do Coinfra, Edilson Deitos, destacou a contínua busca por alternativas na redução de custos e eficiência energética. “Vivemos um momento de expectativa na retomada do crescimento econômico, e para qualquer projeto de desenvolvimento. O passo inicial é garantir energia limpa e de qualidade para as pessoas e aos empreendimentos”, disse, reforçando que a crise hídrica do ano passado mostrou o quanto o Brasil está exposto a diferentes riscos, tornando desafiador o atual cenário.
De acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), os três estados da Região Sul – Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná – estão focados na produção de geração distribuída (GD) no Brasil e aparecem entre as seis melhores posições no ranking estadual de GD do país, gerando juntos mais de 2 MW de energia. O Rio Grande do Sul é o mais comprometido, com 11,7% da potência instalada. Segundo o diretor técnico do Sebrae-RS, Ayrton Ramos, o setor de energia relacionado à geração distribuída tem projeto de crescimento considerável no futuro, e com uma grande parcela de pequenas empresas envolvidas. “Essa expansão pode encontrar muitos desafios e manter a sustentabilidade dos negócios ativos”, afirmou.
O diretor regional do Senai-RS, Carlos Trein, observou que a energia renovável tem uma “importância crucial e estratégica” e que isso foi constatado na última Feira de Hannover, na Alemanha. Ele comentou que o Brasil, por ter um potencial enorme na área, pode ganhar protagonismo mundial.
CRESCIMENTO – Participante do painel Estratégias para Redução de Custos de Energia para Empresas, o conselheiro da Agência Brasileira de Geração Distribuída (ABGD) e diretor do Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS), Frederico Boschin, propõe uma mudança no paradigma energético brasileiro, já que as grandes usinas hidráulicas não têm mais como crescer e perderam investimentos no país. Segundo ele, geração distribuída, energia eólica e solar – juntamente com gás natural – ainda possuem grande potencial de crescimento nos próximos anos, e a matriz brasileira terá uma predominância forte de energia renovável. Além disso, informou que, em dezembro de 2021, a geração distribuída era responsável por 4% da matriz elétrica nacional, e essa participação deve chegar a 17% até o ano de 2031.
Os debates envolveram também tecnologias para armazenamento e geração de energia, financiamentos, o futuro da GD, modelos de negócios para eficiência energética e linhas de crédito. Foram apresentados casos de empresas que tiveram, por meio de iniciativas diversas, êxito na busca por eficiência e projetos de diferentes setores, como indústria, comércio, agronegócio e construção civil.
Além dos ganhos econômicas obtidos com a redução de custos em energia, os participantes do fórum destacaram que o fato de um produto ser fabricado de forma sustentável acaba por valorizá-lo internacionalmente e traz também resultados positivos de impacto social e na qualidade de vida. O VI Fórum GD contou com uma área com 16 empresas expositoras, entre elas fabricantes, integradores, distribuidores e instituições financeiras.