Porto Alegre, terça, 26 de novembro de 2024
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Pai, palavra que abala! ; por Gilberto Jasper*

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Existem ocasiões em que uma única palavra é capaz de provocar um tsunami de emoções impossíveis de descrever. Senti isso quando nasceu Laura, minha primeira filha, depois de duas gravidezes frustradas. Acompanhei todas as consultas e exames, inclusive as ecografias, da minha esposa.

Também participei de todo processo de preparação hospitalar no dia do nascimento da guria. Tudo muito estranho para um pai de primeira viagem. Foram sensações indescritíveis, mistura de nervosismo, lágrimas e sorrisos até ouvir o chorinho tão aguardado.

Depois de contar todos os dedinhos das mãos e pés foi o momento de curtir o rebento recém-chegado, usufruir daquele cheirinho de bebê de corpo miúdo, quentinho. Isso compensou todo o sofrimento que antecedeu aquele 2 de fevereiro. Dois anos depois chegou Henrique, legítimo clone deste que vos digita. Como o pai formou-se em jornalismo. Como diz o refrão daquela música gauchesca… “saiu igualzito ao pai!”.

A segunda grande emoção aconteceu no dia em que meus filhos proferiram a palavra “pai”. Confesso que chorei convulsivamente, assustando as crianças. O termo tem significado gigantesco inspirado na figura do velho Giba, meu pai, germânico de voz grave, durão, que não beijava a família, era econômico em carinhos, elogios. Mas sabíamos que ele estava sempre pronto a apoiar e estimular.

Ao ouvir “pai” pela primeira vez, um filme passou pela minha cabeça. Lembrei-me de meus avós, homens sofridos, forjados na dificuldade de morar na colônia, por vezes sem eletricidade, distantes de recursos de saúde, entre outras facilidades. Também lembrei de muitos pais de meus amigos de infância e adolescência. Eles nos recebiam cheios de atenção, guloseimas, carinho.

Ao ouvir “pai” também tremi porque a responsabilidade “da função” é gigantesca. Além disso, não existe curso que ensine o ofício. Para ter êxito é preciso munir-se de muita sensibilidade para copiar bons exemplos, ter bom senso para evitar equívocos e humildade para aprender com a gurizada e pedir desculpas quando erramos.

Todos os dias faço um grande esforço para ser um bom profissional, um amigo solidário. Mas acima de tudo me desdobro para ser um pai presente e interessado; Obrigado, Laura e Henrique, que entendem as minhas fraquezas e retribuem com muito amor.

 

*Gilberto Jasper, Jornalista e pai do Henrique e da Laura