O segundo lugar do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas pesquisas eleitorais deflagrou uma disputa interna na Polícia Federal por expectativa de poder. Sem um comando que tenha o controle de fato de delegados que atuam com autonomia nas investigações, a instituição virou um explícito cabo de guerra entre o grupo que apoia Bolsonaro e outro que sinaliza para abertura de canais com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder nas intenções de voto.
Desde que assumiu, Bolsonaro já trocou o diretor-geral da PF quatro vezes. Algo incomum na corporação. Num passado bem recente, o delegado Leandro Daiello ficou seis anos à frente da instituição, nos governos Dilma Rousseff e Michel Temer – o mais longevo no período democrático. O troca-troca constante no atual governo fragilizou a figura do chefe da PF, já que pelo padrão ele pode ser trocado a qualquer momento caso alguma investigação desagrade ao Palácio do Planalto.
A história da PF sempre foi marcada por delimitação de espaço de correntes internas, mas a disputa era velada. Sem pulso, o diretor-geral, Márcio Nunes de Oliveira, há apenas seis meses no cargo, assiste de camarote a deflagração dessa guerra sem condições para conseguir contê-la. Entre delegados a promessa é de que setembro vai ferver e operações como a de terça-feira, 23, em que oito empresários apoiadores de Bolsonaro foram alvos de busca e apreensão, serão constantes no mês que antecede as eleições.
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