Porto Alegre, quarta, 01 de maio de 2024
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Os 80 anos de O louco do Cati, obra polêmica e elogiada de Dyonelio Machado, por José Weis/Jornal do Comércio

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Lançado em 1942, livro do gaúcho Dyonélio Machado remete à vida de seu autor e carrega em si o espírito de seu tempo - ainda que siga bastante atual /ACERVO UCHA/ACERVO HISTÓRICO/JC

 

 

Lançado pela Editora Globo em 1942, o livro O Louco do Cati, de Dyonélio Machado (1895-1985), teve sua trajetória marcada, desde o começo, pela estranheza e incompreensão. Consequências às quais, diga-se, o autor foi se acostumando ao longo de sua carreira literária. Passadas oito décadas, a história das peripécias que Norberto e um pequeno grupo de amigos passam a enfrentar depois que conhecem um ‘maluco’ que se junta a eles segue atual, quem sabe até demais – na verdade, talvez seja o Brasil que mudou menos do que poderia ou deveria.

Em O Louco do Cati há um subtítulo, ‘aventura’. De fato, há um espírito de superação de desafios que se manifesta tanto no texto literário quanto no esforço para torná-lo realidade. Dyonélio relatou, numa entrevista em 1982, que escrever a obra foi “um desafio com a morte. Ou escrevia o livro, ou morria”. Em 1941, Dyonélio, médico psiquiatra, estava convalescente de doença cardíaca, sequela dos tempos em que passou preso pelo governo de Getúlio Vargas por ‘delito de opinião’. Ele não tinha forças para quase nada. Acamado, ditou a historia à sua esposa, Adalgiza, e à filha Cecília. A fase seguinte, datilografar os originais, foi uma tarefa que coube à poeta Lila Ripoll e ao colega de profissão Cyro Martins, ambos conterrâneos de Dyonélio, da cidade de Quaraí, na fronteira com o Uruguai.

Por sua vez, a narrativa apresenta uma sucessão de acontecimentos, que partem de um arrabalde de Porto Alegre, no fim da linha do bonde, e seguem adiante, desde o litoral gaúcho até o Rio de Janeiro. O grupo se prepara para uma excursão de fim de semana na praia e, no último momento, incorpora um estranho sujeito, que seria conhecido entre eles como o louco do Cati. Os personagens se deslocam de bonde, num velho caminhão, navio, trem, automóvel e até mesmo em um avião. Todo o itinerário está registrado em um mapa que o próprio Dyonélio desenhou. A aventura tem até uma passagem pela prisão e outros perrengues que acontecem para os dois principais personagens, Norberto e o ‘maluco’, que se separam do grupo em determinado momento.

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