Porto Alegre, terça, 26 de novembro de 2024
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Ligações perigosas: Investigados em operações da PF, empresários voltam à cena política; Isto É

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Empresários e advogados alvos de investigações mantêm elos com a política e distribuem doações entre os maiores partidos do País. Executivos que podem ter sonhos pavimentados pelo Congresso também mostram generosidade

 

 

Na esteira de escândalos de corrupção deslindados pela Lava Jato, o Supremo Tribunal Federal deu uma ousada cartada para coibir a promiscuidade na relação entre empresas e políticos ao barrar a doação de pessoas jurídicas a campanhas. A proibição, que completa sete anos neste mês, cumpriu seu papel e reduziu o espaço para o “toma lá, dá cá” eleitoral. Mas os elos entre executivos de grandes empresas e figurões da Esplanada, jamais foram quebrados. Estão, inclusive, estampados nas contribuições dos milionários, na condição de pessoas físicas, a partidos na disputa de 2022. Alguns dos nomes listados nas extensas prestações de contas feitas pelas siglas à Justiça Eleitoral podem estar frescos no imaginário da população: responderam judicialmente pela ligação com malfeitos na administração pública ou cultivam interesses no Congresso.

As ligações não têm cor partidária ou distinção ideológica — o PL, de Jair Bolsonaro, e o PP, de Ciro Nogueira, aliás, não aparecem na relação de beneficiários somente porque escolheram realizar o detalhamento de suas movimentações financeiras somente no ano que vem, prazo máximo para a prestação de contas da campanha. A maior parte dos partidos, porém, faz a publicação diariamente. O PT, por exemplo, atestou ter recebido R$ 100 mil de Marcos Joaquim Gonçalves Alves, um dos fundadores da M.J. Alves e Burle. Ele doou à sigla durante um jantar de apoio à candidatura de Lula, celebrado em São Paulo. O advogado, que já atuou na defesa de Eduardo Cunha, integra a lista de investigados da Operação Grand Bazaar, embasada pela delação de Lúcio Bolonha Funaro. Marcos é suspeito de ter atuado na ponte para uma reunião entre o operador e o deputado Sergio Souza, relator da CPI dos Fundos de Pensões, para evitar a convocação à comissão de ex-presidentes do Petros e do Postalis, fundos de seguridade social da Petrobras e dos Correios. No encontro, segundo Funaro, ficou acertada uma propina de R$ 9 milhões em nome do acordo. A apuração corre no Supremo Tribunal Federal desde 2019. Em nota, Roberto Podval, defensor de Marcos, declarou que “a investigação não provou as acusações feitas pelo delator”.

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