Paula Yumi Hirata e Muray Lizott se habilitaram como casal adotante em 2020, em Caxias do Sul. Estavam em busca de crianças de 0 a 8 anos de idade, que poderiam ser irmãos. Ouviram que a fila era grande e iriam esperar bastante.
Nesse tempo, Brian, de 16 anos de idade, já estava há dois anos em um abrigo de Pelotas. Ficaria ainda mais dois à espera de um evento que mudou a vida dos três. Foi no 4º Dia do Encontro, realizado em Porto Alegre, em julho de 2022, que um final feliz começou a ser construído. “Um amigo viu que ia ter esse evento em uma notícia no site do TJ e nos avisou. Nos inscrevemos, fizemos o curso para participar e fomos de coração aberto, pois nos explicaram que a maioria era de adolescentes. Foi assim que nos conhecemos e logo vimos que seria ele”, explica Paula.
Desse encontro até a audiência para a prolação da sentença de adoção, realizada nesta tarde (30/11), pela Juíza de Direito Alessandra Couto de Oliveira, do Juizado da Infância e Juventude de Pelotas, se passaram quatro meses. Nesse tempo, a equipe judiciária da Comarca de Caxias do Sul acompanhou a família que estava se formando, desde a aproximação, até a guarda provisória e o estágio de convivência.
“A adoção de Brian, que conheceu a família no Dia do Encontro, reafirma a nossa convicção sobre a validade dessa iniciativa. As barreiras abstratamente impostas por possíveis pretendentes, como a idade e a raça, por exemplo, sucumbem frente ao olho no olho, ao sorriso, à afinidade surgida quando as pessoas têm a oportunidade de conhecer as crianças reais, aquelas que estão nos abrigos à espera de uma família”, afirma a magistrada.
O novo nome do jovem já revela que uma família inter-racial se formou. Brian Akira Hirata Lizott é o mais novo integrante dela e já convive com os avós, primos e tios. Segundo a mãe dele, o fato de ser adolescente foi visto como algo positivo para essa tomada de decisão. “Ele estava disposto a uma nova família e está cooperando. Nós estamos aprendendo a ser pais e ele a ser filho. É uma nova dinâmica emocional, educacional e cultural. Quanto a ser adolescente, é como em qualquer família com filhos nessa fase. Estamos nos ajustando, e o paternar e o maternar independe da idade. Aprendi isso com o Brian. E por ser adolescente, ele já entende a situação e consegue conversar e refletir”, conclui Paula, que também salienta a importância de flexibilizar o perfil para adotar crianças e adolescentes.
Dia do Encontro
O projeto Dia do Encontro é uma oportunidade para que crianças e adolescentes aptos à adoção e pretendentes possam se conhecer melhor. Nesse evento, são realizadas atividades lúdicas e recreativas com o objetivo de proporcionar a integração entre os participantes através da confraternização, do brincar e da diversão. É uma proposta para oferecer momentos de socialização das crianças e adolescentes fora do espaço de acolhimento institucional com pessoas habilitadas para adoção e com outras crianças e adolescentes também acolhidos.