Porto Alegre, domingo, 10 de novembro de 2024
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Secos e molhados, por Marcel van Hattem/Gazeta do Povo

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Foto: Bigstock

 

 

Primeiro de fevereiro de 2023: primeiro dia de um novo mandato como deputado federal na Câmara dos Deputados e, feliz coincidência, dia da publicação do meu primeiro artigo na Gazeta do Povo. Começo, portanto, agradecendo à Gazeta pelo convite que me foi feito para ocupar este espaço para debater o presente e o futuro do nosso país. Detalhe relevantíssimo: com total liberdade. “O senhor poderá nos enviar semanalmente a coluna, cujo tema o senhor poderá definir livremente e cujo conteúdo não sofrerá nenhuma interferência editorial”: assim me foi feito o convite por Jônatas Dias Lima, editor de opinião desta Gazeta.

Tal observação feita pelo editor deveria ser completamente trivial, talvez até mesmo expletiva. No entanto, decidi incluí-la no meu artigo inaugural. Por quê?

Porque, com honrosas exceções dentre as quais esta Gazeta, infelizmente grande parte dos meios de comunicação brasileiro tem, nitidamente, receio de publicar opiniões com potencial de desagradar determinados poderosos ou, pior ainda, nutre alianças espúrias com quem está no poder. Quando observo tais comportamentos na mídia, lembro-me da frase do saudoso ensaísta e também jornalista Millôr Fernandes: “Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados”.

Imprensa é oposição a discursos e práticas que infrinjam o legal, o constitucional, o moral, o ético. Imprensa é oposição em defesa de princípios e valores sem os quais a vida em sociedade não é possível. Imprensa é oposição à tirania do mais forte em defesa do Império das Leis e da Constituição. O resto, como já dizia o poeta, não é imprensa: é sua própria corrupção. Como porém evitar a degeneração da atividade jornalística e sua deformação a ponto de torná-la algo que não é, nem deveria ser?

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