Porto Alegre, segunda, 25 de novembro de 2024
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Clóvis Duarte, de professor de curso pré-vestibular a legenda da televisão gaúcha, por Márcio Pinheiro/Jornal do Comércio

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Conhecido por programas como PortoVisão e Câmera 2, Clóvis Duarte teve trajetória marcada pela disposição para inovar ACERVO PESSOAL VANESSA DUARTE/REPRODUÇÃO/JC

 

 

Há exatos 35 anos entrava no ar o Câmera 2. O formato era por demais conhecido e aplicado por diversos canais da TV brasileira: um programa de debates – com ênfase em temas atuais, em especial ligados à política e à economia – tendo um âncora como condutor e/ou entrevistador e contando com a participação de comentaristas e convidados. Um programa com estes ingredientes, mais o foco em temas regionais, vinculados ao Rio Grande do Sul, obteve do público uma boa recepção quase que imediata. O Câmera 2 era ainda o ápice da trajetória do professor e comunicador Clóvis Duarte, um dos nomes de destaque da TV feita no Estado.

O Câmera 2 surgira como uma aposta. Sem modelo definido, sem pesquisas prévias, o programa começara a nascer um ano antes de sua estreia, em janeiro de 1988, quando, em 1987, Clóvis largara um quadro de sucesso e com repercussão na RBS TV – onde iniciara a carreira na década anterior – para aceitar um convite para se mudar para a TV Guaíba, menor, menos estruturada e quase sem ibope.

Num primeiro momento, Clóvis apostou no formato conhecido, o do Comunicação, quadro que já mantinha no Jornal do Almoço. Porém, logo depois, ele passaria a pensar num outro horário – a então pouco valorizada faixa das 22h – e na ampliação da proposta jornalística, com debates e entrevistas.
A TV Guaíba, inaugurada em março de 1979 por Breno Caldas, diretor da Companhia Jornalística Caldas Júnior, não tinha qualquer afiliação com outras redes nacionais e investia numa programação local com enfoque em jornalismo, esporte, culinária, variedades e cultura. Pouco antes de Clóvis ter ido para lá, a Caldas Júnior havia falido e o conglomerado jornalístico havia sido adquirido pelo empresário Renato Bastos Ribeiro, até então um profissional sem nenhum vínculo com a comunicação. “O Clóvis fez uma proposta de compra do espaço com liberdade editorial. A direção topou. Daí o Clóvis começou a convidar jornalistas, políticos e professores para integrar a bancada do novo programa”, lembra Antônio Hohlfeldt, hoje diretor do Theatro São Pedro e, à época, jornalista e vereador em Porto Alegre eleito pelo PT. “Eu fui escalado para falar de cultura em geral, especialmente literatura. Neste espaço nunca falei de política”, lembra Hohlfeldt. “Quando isso acontecia, eu mudava de figurino, ia de terno e gravata. Aí era o político, o vereador, que estava falando, não comentarista”.

A proposta deu certo. O Câmera 2 começou a ocupar espaço na programação e crescer na audiência. O Comunicação foi deixado de lado e Clóvis passaria se dedicar à grande criação profissional de sua vida. E também assumiria por completo a sua nova profissão: comunicador.

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