Transformar o Brasil e o Mercosul no terceiro ou quarto maior polo exportador de arroz, de alta qualidade, do mundo foi defendido pelo presidente da Abiarroz, Elton Doeler, na tarde desta quarta-feira, 15 de fevereiro, na 33º Abertura Oficial da Colheita de Arroz e Grãos em Terras Baixas. O evento, em Capão do Leão, é realizado pela Federarroz, com a correalização da Embrapa e Senar/RS e patrocínio Premium do Ministério da Agricultura e Pecuária e do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).
Doeler foi um dos convidados do painel “A importância do mercado brasileiro na alimentação mundial”, moderado pelo presidente da Federarroz, Alexandre Velho. No evento, o presidente da Abiarroz, destacou que há um déficit da produção mundial de arroz em relação à necessidade de consumo. Nos números por ele apresentados, a China (145.946 mil toneladas), a Índia (125 mil toneladas) e Bangladesh (35.850 mil toneladas) são os maiores produtores do cereal, com o Brasil ocupando a décima posição (7.072 mil toneladas). Em contrapartida, o consumo nos três primeiros também é, respectivamente, superlativo: 154.946 mil toneladas, 108.500 mil toneladas e 37.300 mil toneladas. “A China importa 5.200 mil toneladas”, comparou.
No ranking das exportações de arroz, Índia (21.500 mil toneladas), Tailândia (8.200 mil toneladas), Vietnã (6.800 mil toneladas) lideram os primeiros lugares e o Brasil a nona posição (1.100 mil toneladas). Com esses dados, entre outros, Doeler pontuou que a redução do déficit do abastecimento mundial passa pelo incremento da produção. “Se não for o Mercosul, outra região aproveitará essa oportunidade”, alertou, destacando que esse crescimento da produção deve ser construído de forma planejada. “É enorme o trabalho político que as federações devem fazer para o arroz brasileiro alimentar o mundo, pois um dos nossos problemas é o excesso de tarifas para colocar o cereal nacional no mercado internacional”, complementou.
Para ele, a exportação é uma garantia de sustentabilidade de renda de toda a cadeia produtiva do arroz, baseada também no pilar do consumo doméstico. “Não é amanhã isso, depende de planejamento estratégico e entender como se pode aproveitar essa oportunidade”, recordando que a safra nacional ocorre na contramão da asiática e norte-americana e que o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, juntos, são responsáveis por 80% da produção nacional , de excelente qualidade.
Também convidado do painel, o presidente do Sistema Farsul e vice-presidente da CNA, Gedeão Pereira, chamou a atenção no evento para a importância da venda dos produtos agropecuários com a marca made in Brasil. “No mercado internacional nós somos absolutamente jovens e, talvez, as nossas falhas sejam justamente pelo nosso desconhecimento do mundo lá fora, o que é absolutamente normal”, afirmou, lembrando que o Brasil “pisou com alguma envergadura no mercado internacional a partir de 1997 e temos tudo ainda a aprender”, adiantando que, futuramente, o milho terá a mesma importância que a soja na cesta de compras da China, podendo até a ultrapassar em 15 ou 20 anos no Brasil – a exemplo do que já acontece nos Estados Unidos.
“Somos os maiores produtores e exportadores de soja, café, suco de laranja e açúcar. Mas isso é só commodities. Mas a primeira turma que está mais avançada nesse processo de marca made in Brasil no mercado internacional é o pessoal do frango. Produto of Brasil no frango já é sinônimo de qualidade lá fora”, exemplificou. De acordo com ele, a venda para outros países depende de tratativas, mas também de logística, assiduidade de entrega e qualidade.
A programação completa assim como as inscrições para o evento, que ocorrerá de forma híbrida (virtual e online), e de forma gratuita, podem ser conferidas no site colheitadoarroz.com.br.