O 2º Encontro do Comitê Bilateral Brasil-Cazaquistão foi realizado na capital Astana, nesta quinta-feira, reunindo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), representada pelo seu vice-presidente e presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), Gilberto Porcello Petry; e o Centro de Indústria e Exportação do Cazaquistão, o QazIndustry, com seu presidente Berik Bekenov. “É necessário dar um novo impulso ao relacionamento bilateral, por meio de iniciativas como a missão prospectiva da Federação de Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul ao Cazaquistão. Queremos aprofundar o conhecimento e explorar potencialidades da relação bilateral e temos o desafio de trocar informações de mercado em bases regulares, organizar seminários setoriais, engajar outras entidades para a atração de investimentos e a promoção comercial”, disse Gilberto Petry, na abertura do evento.
O presidente da FIERGS ressaltou que o Cazaquistão é o principal parceiro do Brasil na Ásia Central. As exportações brasileiras para o país cresceram a uma taxa média anual de 26,2% entre 2017 e 2021. Em 2022, o Brasil exportou US$ 27,3 milhões e importou US$ 163 milhões do Cazaquistão, em um mercado que pode ser muito ampliado. Além disso, Petry lembrou que o Mapa de Oportunidades da Agência Brasileira de Promoção de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) identifica 157 oportunidades de exportação para produtos brasileiros, com destaque para Máquinas e Equipamentos de transporte e Produtos alimentícios e animais vivos.
Já o presidente da QazIndustry afirmou ser urgente a necessidade de consolidar os esforços da comunidade empresarial para alcançar o pleno potencial das oportunidades econômicas e de investimento dos dois países. Berik Bekenov também observou que levando em conta as conquistas e experiência do Brasil no âmbito da engenharia mecânica, energia, agroquímica e agricultura, para os cazaques é de grande interesse expandir a cooperação nesses setores da economia.
O embaixador brasileiro no Cazaquistão, Rubêm Antonio Correia Barbosa, e o diretor do departamento das Américas do Ministério das Relações Exteriores do Cazaquistão, Nurgali Arystanov, também participaram da abertura. Barbosa afirmou que o Cazaquistão é o país mais importante da Ásia Central, com um crescimento de 3,2% em 2022 e previsão de 4%, e um PIB de US$ 220 bilhões. Além disso, lembrou que o Brasil cresceu 2,9% em 2022 e pode crescer 1% em 2023, e tem sido bem-sucedido no controle inflacionário. “São duas economias emergentes, com grande potencial, é hora de os homens de negócios dos dois países trabalharem conjuntamente”, disse.
Para buscar maior cooperação comercial e de investimentos, a embaixada do Brasil no Cazaquistão sugere a criação de um grupo de trabalho intergovernamental sobre comércio e cooperação econômica e a assinatura de um acordo bilateral sobre incentivo aos investimentos e proteção mútua será um apoio importante neste processo. Além disso, Cazaquistão e Brasil estão atualmente fazendo esforços para aderir à Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), cuja adesão daria um impulso adicional à expansão da cooperação econômica bilateral.
Após o evento, Gilberto Porcello Petry e Berik Bekenov assinaram a ata do 2º Encontro do Comitê Bilateral. A terceira edição deve ocorrer no Brasil, em 2024. Este ano o Cazaquistão e o Brasil celebram o 30º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas.
No ano passado, dos mais de US$ 27 milhões exportados pelo Brasil ao Cazaquistão, os destaques ficaram com pulverizadores agrícolas, pneumáticos de borracha e medicamentos. Ao mesmo tempo, os brasileiros importaram especialmente enxofre, P-xileno e urânio. Já em relação ao Rio Grande do Sul, as vendas externas para o país asiático no mesmo período significaram U$ 3 milhões, principalmente pulverizadores para agricultura e serras de corrente. As importações gaúchas, por sua vez, tiveram apenas um produto: naftas para petroquímica, com um total de US$ 967 mil. Nos dois primeiros meses de 2023, o volume de comércio mútuo entre Brasil e Cazaquistão aumentou 333% em relação ao mesmo período do ano passado e atingiu US$ 58,9 milhões.
O encontro desta quinta-feira contou ainda com participação do Ministério da Agricultura do Cazaquistão, das empresas brasileiras Tramontina, WEG e Embraer, da Kazakh Invest e da Kazphosphate.