Porto Alegre, domingo, 29 de setembro de 2024
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Duelo de bisturis: a briga judicial em torno do legado de Ivo Pitanguy, por Sofia Cerqueira/Veja

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Batalha põe em lados opostos do ringue herdeiros e discípulos do mestre, figura incontornável da cirurgia plástica mundial. NO AUGE - Ivo Pitanguy na clínica do Rio, em 2011: vendida, virou condomínio (Marcelo Correa/.)

 

 

Um dos brasileiros mais celebrados no exterior, Ivo Pitanguy cravou o feito de instalar o país no mapa da excelência na cirurgia plástica. Ao longo de décadas, seu traquejo com os bisturis atraiu para um histórico casarão no Rio de Janeiro clientela estelar de todos os cantos do planeta. Pois no ano de seu centenário de nascimento é um assunto nada glamoroso que o conduz aos holofotes: os quatro herdeiros do médico, morto em 2016 aos 93 anos, e seus discípulos travam uma renhida batalha judicial que põe em risco o que restou de seu legado — o Instituto Ivo Pitanguy, que desde 1960 oferece cirurgias, a baixo custo ou gratuitas, na enfermaria 38 da Santa Casa carioca. A escola de talentos que funciona ali despontou como uma pós-graduação de renome global, de onde profissionais de mais de quarenta países saíram formados e com o qual a metade dos 6 000 cirurgiões plásticos em atividade no Brasil mantém algum elo profissional.

O instituto, iniciativa do próprio “professor”, como Pitanguy era chamado, ganhou prestígio em paralelo à clínica que tocava no bairro de Botafogo, na Zona Sul do Rio. Nos áureos tempos, avistava-se por lá efervescente entra e sai de celebridades como a princesa Stéphanie de Mônaco, a atriz Sophia Loren e o piloto Niki Lauda. O local chegava a faturar nos áureos tempos cerca de 5 milhões de reais mensais (em valores de hoje), até que o chefe, já envelhecido, começou a se afastar, e a procura minguou. Sustentar o complexo, com quinze quartos e setenta funcionários, tornou-se então inviável — a drenagem de recursos batia àquela altura 800 000 reais por mês. E foi assim que, sem um sucessor no horizonte, a venda tornou-se inescapável. Três anos depois da morte de Pitanguy, o negócio seria selado por 10 milhões de reais.

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