Porto Alegre, terça, 01 de outubro de 2024
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Consumidor dita ritmo da cadeia da carne, por Thaíse Teixeira/Correio do Povo

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Com o menor nível de consumo per capita registrado desde 2004, produtor, indústria e varejo buscam novas estratégias para atender quem compra carne bovina pelo critério de preço ou de qualidade diferenciada | Foto: CLEBER DAVIDSON / DIVULGAÇÃO / CP

 

 

O consumo de carne bovina per capita atingiu, em 2022, o menor patamar desde 2004, com 24,2 quilos por habitante. O dado, divulgado ao final do primeiro trimestre deste ano, provém da Consultoria Agro do Banco Itaú BBA. O cenário até é um pouco mais otimista no relatório de Oferta e Demanda de Carnes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), publicado em abril. O estudo indicou um consumo de 26 quilos por habitante no mesmo período, mas com projeção de alta de 11,6% até dezembro.

As estatísticas não surpreendem integrantes da indústria e do varejo, os primeiros a refletir a queda no poder aquisitivo da população brasileira, especialmente após a pandemia de Covid-19. Entretanto, consolidam uma nova relação produtiva e mercadológica entre todos os envolvidos com o setor, encabeçada pela “vossa majestade”, o consumidor. É ele quem está não só na ponta de todo processo, mas que modifica rapida e totalmente a forma de comercializar, industrializar e produzir carne no Brasil.

Para o consultor em Carne de Qualidade, Roberto Barcellos, o mercado conta, atualmente, com dois tipos de consumidores. “Temos o do dia a dia, cuja tomada de decisão é baseada em preço, e o churrasqueiro de final de semana, que compra por prazer e está disposto a pagar mais por um produto melhor”, revela. Embora possuam hábitos distintos e tomem decisões completamente antagônicas, ambos os perfis podem ser evidenciados no mesmo comprador, mas em momentos distintos. “Quem busca preço, quando o valor da carne sobe, troca o bovino por frango, ovo ou suíno. É uma pessoa que não está preocupada com a capa de gordura ou o marmoreio da carne”, detalha o consultor. Ao mesmo tempo, explica, essa mesma pessoa, aos finais de semana, aprecia e paga a mais por cortes diferenciados e peças de qualidade, com gordura entremeada.

São esses diferentes tipos de consumidores que levam as redes de varejo, as butiques de carne e as lojas especializadas a customizar produtos, facilitar serviços e oferecer novas peças, embalagens e cortes. As mudanças começam pela forma de adquirir os produtos, como revela o presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado do Rio Grande do Sul (Sicadergs), Ladislau Böes. “Há um aumento no consumo de cortes embalados a vácuo e nas bandejas com atmosfera modificada (ATM), que estendem a vida útil dos produtos. Notamos que isso traz maior segurança alimentar em relação à carne manipulada nos açougues”, diz.

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