Sem surpresas na decisão da taxa em si a Autoridade Monetária mantém a SELIC em 13,75%. Quanto ao comunicado não aliviou em nada o tom das últimas reuniões e enfatiza que não basta inflação corrente em queda, mas expectativas ancoradas.
Até aí nenhuma surpresa, mas me parece que o BCB está prisioneiro da sua retórica e arma para si uma situação difícil de desatar. Praticamente abandonou o protagonismo da decisão dos juros para deixar em stand by aos desígnios das projeções, projeções essas de mercado que tem errado de maneira significativa desde o início do ano.
Que pese a retirada do trecho onde apontava que poderia subir os juros (numa aparente boa fé com o momento atual), mas volta a ficar claro que a atual diretoria irá insistir em abrir mão de decidir e terceirizando “tecnicamente” para as expectativas de mercado algo um tanto diferente do estilo desta mesma diretoria que cortou os juros mais que o esperado pelo mercado, que subiu mais que o esperado pelo mercado e está mantendo de lado por mais tempo que o esperado pelo mercado.
Se mantiverem a coerência com a estratégia e com o conjunto de variáveis financeiras atuais provavelmente irá cortar “mais que o mercado espera”.
Dito isso mantenho a perspectiva de corte de juros na próxima reunião com uma afrouxamento inicial de 50 pontos base e levando a SELIC a 11,75% ao final do ano.
*André Perfeito, Economista