Lula foi à cidade argentina de Puerto Iguazú preparado para uma consagração. Utilizaria a cúpula do Mercosul, na qual assumiu a presidência rotativa do bloco, para envernizar sua figura de líder regional. Luis Lacalle Pou, o presidente do Uruguai, estragou a festa.
Ao discursar, Lula excluiu Nicolás Maduro momentaneamente de sua retórica. A solidariedade ao ditador virou uma pedra no sapato da diplomacia brasileira. Lula adoraria pregar a volta da Venezuela, excluída do Mercosul por desrespeito à cláusula democrática. Bem ensaiado, manteve a língua na coleira. Foi inútil.
Auxiliado pelo presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, o uruguaio Lacalle Pou esfregou realidade na hipocrisia de Lula. Para ele, a Venezuela precisa ser levada ao trombone, não excluída da partitura. “O Mercosul tem que dar um sinal claro para que o povo venezuelano possa se encaminhar em direção a uma democracia plena, que hoje claramente não tem”, declarou. E Lula, algo contrafeito: “No que a gente puder contribuir, quem tiver relação, dar palpite e puder conversar, temos de conversar”. Evitou repetir que a ditadura venezuelana é mera “narrativa” de adversários. Nada sobre a tese segundo a qual democracia é coisa “relativa.”
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