O Centro Histórico-Cultural Santa Casa apresenta na próxima quinta-feira (31), às 20h, a estreia do espetáculo “Raiz Amarga – Por que esta noite é diferente de todas as outras?”. Com sessões até domingo (3/9), a peça mescla as memórias da atriz Letícia Schwartz sobre os relatos de sua avó, uma sobrevivente do Holocausto, com as etapas, histórias e cânticos que envolvem o ritual da primeira noite da Páscoa Judaica. Os ingressos estão disponíveis na plataforma Sympla com valores a partir de 25 reais.
Com texto de Letícia Schwartz, o espetáculo é dirigido por Clóvis Massa, professor titular do Departamento de Arte Dramática da UFRGS. O projeto nasceu em 2020, quando Letícia convidou Massa para desvendar possíveis caminhos dramatúrgicos para um delicado material de memórias: os relatos de sua avó, Reli Blau. Foi então que o Sêder de Pessach, a páscoa judaica, surgiu como ponto de partida, possibilitando rememorar esses traumas através de um ritual de celebração da vida.
Raiz Amarga Foto: Bernardo Jardim Ribeiro
Em cena, ao lado de Letícia, a atriz Arlete Cunha une-se à celebração do Pessach onde o público é convidado a partilhar alimentos, traumas e alegrias da família cuja matriarca foi uma sobrevivente do campo de extermínio de Auschwitz. Com uma disposição cenográfica que permite a proximidade das atrizes com os espectadores, a peça explora a dimensão sensorial ao longo da narrativa, propondo que cada pessoa seja potencialmente afetada pelos testemunhos.
O público ainda é convidado a vivenciar a experiência do ritual dentro da caixa cênica, transformada em sala de jantar: o manuseio de mesa, cadeiras, pratos, taças e vinho, além de comidas que resguardam o simbolismo da fuga do povo judeu do Egito, fornecem à atmosfera do espetáculo a dose necessária de intimidade para sua acomodação, com as atrizes contando histórias e tecendo comentários pontuais, olho a olho, sobre os acontecimentos tratados de acordo com as etapas do ritual (Sêdar, em hebraico, significa “ordem”).
A temática presente na noite de Pessach, em que se recorda a história do Êxodo e a libertação do povo de Israel, é atravessada pela trajetória da família de Letícia, de sua avó sobrevivente do campo de concentração de Auschwitz e do impacto do Holocausto nas gerações seguintes. Desse modo, os principais momentos da cerimônia da Páscoa Judaica servem como marcos para abordar o sofrimento dos judeus na Segunda Guerra Mundial, mas também a repressão submetida a outras minorias até os dias de hoje.
O objetivo é acolher um público de forte tradição cultural e artística, mas que raramente se encontra representado no teatro gaúcho, ao mesmo tempo em que se pretende, por meio deste universo particular, tratar de temas que atingem diretamente outras comunidades.
