O público pode visitar, até o dia 4 de novembro, o mural inédito criado pela artista Gê Viana na parede de entrada do Instituto Ling. Na obra de grandes dimensões, a maranhense descendente de indígenas refaz o passado de seu povo Anapuru, criando narrativas mais felizes e dignas a partir da manipulação e da colagem de imagens de arquivo do período colonial no Brasil. “Nesse caminho de tirar o fardo, o peso dessa identidade que foi perdida, dessa memória que foi congelada por algum tempo, eu começo a fazer um processo que eu gosto de chamar de ‘recorte a facão’, que é lapidar, podar e também sanar algumas feridas que existem hoje no Brasil”, conta ela.
Foto: @viktorbraga
Gê Viana é formada em Artes Visuais pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Vive e trabalha em São Luís (MA) e costuma criar no trânsito entre o quintal de casa e as ruas. Suas práticas de colagem digital e manual com a inserção da pintura partem de pesquisas com imagens de arquivos e a memória oral de sua família. Num confronto entre a cultura colonizadora hegemônica e seus sistemas de arte e comunicação, pensa num modo de criar com a história de seu povo Anapuru o cotidiano afro-diaspórico e indígena do território maranhense para trazer outras narrativas, inventários que trabalhem possibilidades mais felizes e dignas, pois sente que a felicidade dessas populações sempre esteve em risco. No ato de fotografar a vida, assume retratos revelados pela técnica do lambe-lambe. Os suportes, em sua maioria, são materiais específicos para cada série e são entendidos como um campo político. Entende o devolver seus trabalhos para “a rua” como um tipo de formação social, estética/pedagógica, pois se trata de uma pesquisa viva; sua intenção é que suas obras floresçam num acompanhamento de iniciação pela identidade ancestral.
O trabalho pode ser visitado de segunda a sábado, das 10h30 às 20h, com entrada franca. Os bastidores da produção puderam ser acompanhados em tempo real por quem passou pelo centro cultural entre o fim de agosto e início de setembro. A execução da obra foi registrada em um minidocumentário, feito pela produtora Eroica Conteúdo, que está disponível no canal do YouTube do Instituto Ling (www.youtube.com/c/
A atividade faz parte da segunda temporada do Ling Apresenta, projeto com curadoria de Bitu Cassundé, que tem convidado diferentes artistas do Nordeste para fazerem intervenções inéditas a partir de novas perspectivas sobre as suas origens, acessando memórias, a ancestralidade e a cultura popular. Após o encerramento da visitação da obra de Gê Viana, o público poderá acompanhar a última criação deste ano, assinada pelo duo cearense Acidum Project, formado por Terezadequinta e Robézio Marques. Os artistas naturais de Fortaleza estarão no centro cultural de 6 a 10 de novembro criando o seu mural.
A iniciativa já recebeu neste ano outros dois artistas do nordeste: o cearense Charles Lessa, que apresentou uma narrativa pictórica com lembranças de sua infância e adolescência, com elementos que remetiam à região do Cariri; e o baiano Marcos da Matta, que utilizou o espaço para retratar o cotidiano, os cenários e as dinâmicas dos trabalhadores informais do Recôncavo Baiano.
O Ling Apresenta tem realização do Instituto Ling e Ministério da Cultura / Governo Federal, com patrocínio da Crown Embalagens.
SERVIÇO – PROGRAMAÇÃO PRESENCIAL – ARTE
Ling apresenta: Gê Viana, com intervenção artística inédita
Artista: Gê Viana
Curador: Bitu Cassundé
Até dia 4 de novembro, de segunda a sábado (exceto feriados), das 10h30 às 20h
Instituto Ling (Rua João Caetano, 440 – Três Figueiras – Porto Alegre/RS)
Entrada franca
Informações úteis
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www.youtube.com/c/
Fone: 51 3533-5700
Email: instituto.ling@institutoling.
