No dia 6 de março de 2024, a Farsul e a Fundação Pró-Sementes, com o patrocínio do Senar-RS e da Bayer apresentaram a 16ª edição do ECR de Trigo RS – Safra 2023/2023. O projeto tem o objetivo de fornecer informações para os produtores e técnicos sobre o desempenho das cultivares de trigo no estado do Rio Grande do Sul.
Em razão do fenômeno El Niño, a safra 2023/2023 registrou uma redução significativa na produtividade e perda de qualidade do trigo colhido. O ECR de Trigo RS – Safra 2023/2023, traz uma análise detalhada do desempenho das 30 cultivares de trigo de maior expressão comercial, em 6 diferentes regiões do estado do Rio Grande do Sul. Sendo uma fonte confiável de dados, que auxiliam os produtores e técnicos na seleção das cultivares mais adequadas às condições locais e, também, na minimização de riscos e perdas em condições desfavoráveis. Adicionalmente, a publicação inclui artigos elaborados por especialistas da triticultura.
Conforme ressaltado por Kassiana Kehl, coordenadora do projeto ECR Trigo RS 2023/2023, “tivemos uma grande quebra de produção e baixa qualidade do grão, atribuídas ao excesso de chuvas entre setembro e início de dezembro”. Isso resultou na impossibilidade de realizar análises de qualidade industrial devido ao baixo pH das cultivares. Apesar de algumas áreas terem registrado produtividades acima de 100 sacos por hectare, outras apresentaram rendimentos abaixo de 30 sacos, especialmente nas regiões mais frias no norte do estado. Destaca-se que a região sul, especialmente em Cachoeira, foi a mais produtiva, onde a cultivar mais produtiva produziu de 104 sacos por hectare”, comentou. A coordenadora também mencionou desafios adicionais, como custos elevados de lavoura e implantação, levando a uma menor liquidez em comparação com a safra anterior. Essas informações destacam a complexidade do cenário enfrentado pelos produtores gaúchos durante a safra 2023.
No evento de apresentação dos resultados, o presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira, falou da importância da pesquisa e da necessidade de difundir os resultados. “Vamos tornar isso aqui acessível aos nossos produtores para que dê a oportunidade de ver em cada região do estado aquilo que de melhor pode se adaptar nessa fantástica evolução genética das plantas que é conduzida pela nossa pesquisa. Vamos fazer bom uso desse material neste momento que é ímpar”, salientou.
O diretor da Farsul e coordenador da Comissão do Trigo e Culturas de Inverno da Federação, Hamilton Jardim, lembrou do antagonismo das duas últimas safras de inverno. “Em 2022 tivemos a maior safra da história tanto em produtividade, quanto em qualidade. E a safra passada foi a pior dos últimos anos. Vamos aproveitar esta safra agora. Vamos elencar nas diferentes regiões os materiais que apresentam melhor comportamento para que essas duas safras sejam páginas viradas, principalmente a do ano passado. Não vamos esquecer que sem o trigo e demais culturas de inverno não existe sistema de produção para comportar altas produtividades na cultura subsequente, seja principalmente soja ou até milho”, destacou.
Em sua manifestação, o superintendente do Senar-RS, Eduardo Condorelli, lembrou que é a partir dos resultados do levantamento que muitos produtores fazem a escolha que podem definir o sucesso ou não de uma lavoura ainda na fase de planejamento. “O erro ou o acerto do planejamento pode estar começando, efetivamente, na decisão tomada em cima de um estudo como este. Nós estamos tratando da principal cultura de inverno do estado do Rio Grande do Sul, a principal atividade de inverno da agricultura gaúcha, capaz de viabilizar inclusive economicamente a soja. Porque parte dos custos do ano de nossas propriedades podem estar sendo absorvidas pelo trigo, aliviando, inclusive o custo que vem na sequência. Portanto, a decisão de termos trigo ou não termos trigo em nossas lavouras, termos a certeza de uma segunda safra ou não de nossas lavouras reside grande parte do sucesso de um ano inteiro de trabalho, não só da agricultura, mas de todas as demais culturas que fazemos no nosso negócio. É algo que robustece ainda mais a importância deste ensaio deste estudo que é feito”, ressaltou o superintendente.
O presidente da Fundação Pró-Sementes, Hugo Boff, encerrou as falas na cerimônia de lançamento. Ele agradeceu a parceria com a Farsul e ao patrocínio do Senar-RS e Bayer. “A Fundação Pró-Sementes não seria capaz de realizar nada, mesmo com todo o time capacitado de técnicos que possui, se não tivesse uma parceria para poder desenvolver esses trabalhos. Essa informação não chegaria aos produtores se não fosse propiciado isso”, disse. “O agricultor que precisa dessa informação, se ele for busca-la individualmente não vai conseguir, porque não existe o trabalho realizado em todas as regiões do estado por de uma empresa que seja isenta de interesse. Eu posso muitas vezes ter uma cultivar desenvolvida para uma determinada região que fique famosa, mas não vai bem na outra região. E é esse trabalho que vai fazer com que a Informação chegue de forma correta para todos os cantos do Rio Grande do Sul”, concluiu. A publicação e o histórico das safras anteriores estão disponíveis no endereço www.fundacaoprosementes.com.br/ecr.