Porto Alegre, quinta, 28 de novembro de 2024
img

Porto Alegre: Empresários relatam na Federasul a realidade sombria do Rio Grande do Sul refém da narrativa do governo federal

Detalhes Notícia
Quatro empresários afetados pelos alagamentos disseram, no Tá na Mesa, que estão abandonados no meio da catástrofe. Foto: Fedrasul

 

 

 

As narrativas falsas e as barreiras impostas pelo Governo Federal, dificultando o acesso aos recursos, estão impedindo a retomada da economia gaúcha após a tragédia climática de maio. Os empresários entendem que há distorções na distribuição dos recursos que não ajudam quem realmente precisa. Criticaram a decisão do Governo de não liberar empréstimos diretamente pelo BNDES, mas repassando a bancos privados, que acabam elevando as taxas com o spread bancário. “Empresas menos afetadas estão recebendo dinheiro”, lamentou o empresário  ngelo Fontana, da Fontana S/A, que também é presidente da CIC Vale do Taquari. Ele acrescentou que existe muita promessa do Governo Federal e pouca ação. “O Rio Grande do Sul terá que se reinventar, estamos enfrentando a falta de recursos e a falta de apoio”, afirmou.

Essas foram algumas das conclusões que chegaram os empresários durante a reunião-almoço da FEDERASUL desta quarta-feira, 19. Com a coordenação do presidente Rodrigo Sousa Costa, o Tá na Mesa desta semana reuniu alguns empreendedores gaúchos que tiveram suas empresas atingidas pelas cheias para debater a Superação pelo Empreendedorismo. Eles argumentaram ainda que os R$ 15 bilhões anunciados pelo Governo como empréstimos, pouco estão chegando com juros acessíveis às empresas realmente afetadas e impedem a recuperação das perdas sofridas com as três cheias que atingiram o Estado nos últimos meses.

“Numa tragédia desta magnitude, os empregos e as empresas da iniciativa privada não conseguiram se reerguer sem dinheiro novo a juros subsidiados”, argumentaram e, num só som, explicaram que as empresas precisam do alongamento dos prazos do empréstimos já existentes, de dinheiro novo à fundo perdido e de um fundo garantidor já que as garantias que poderiam dar foram perdidas na tragédia.

O empresário  ngelo Fontana disse que a situação é bastante preocupante porque apesar das promessas, as empresas não estão recebendo nenhum apoio do Governo Federal. Relatou que depois de três cheias, sua empresa está paralisada e que mesmo com todas as dificuldades está mantendo seus quase 300 funcionários.

O diretor da Lajeadense Vidros, Renato Arenhart, lamentou que o  Governo tenha anunciado financiamentos com juros de 1%, quando na realidade, ao transferir os recursos para bancos privados, a taxa sobe para 7%, inviabilizando o acesso diante das dificuldades em assumir dívidas nessas condições após os prejuízos sofridos com as cheias.

O Padre Gerson Bartelli, secretário da Associação dos Amigos de Nova Roma do Sul (que reconstruiu a ponte de ferro que liga Nova Roma do Sul à cidade de Farroupilha) destacou que “quando esperamos pela iniciativa pública, esperamos muito tempo”. Reforçou a importância da união e força e do espírito de trabalho das pessoas na luta pela superação. Disse que o Estado tem um desafio muito importante pela frente e defendeu que parte dos impostos recolhidos fique nos municípios como garantia para investimentos locais.

O CEO do Instituto Caldeira, Pedro Valério afirmou, por sua vez, que não há nada de concreto acontecendo. Lamentou que a demora do Governo em liberar recursos coloca em risco a capacidade de reconstrução do Estado, que desta vez não depende somente da iniciativa privada.  Acredita, no entanto, no papel transformador do empreendedorismo, mas alerta que chegou o momento de levantar o tom de voz e mostrar indignação. “Estamos abandonados no meio desta catástrofe”, declarou.

O presidente da FEDERASUL Rodrigo Sousa Costa, novamente cobrou urgência do Governo Federal na busca de solução para o acesso aéreo do RS, através da ampliação da operação na Base Aérea de Canoas, para evitar os enormes prejuízos sociais e econômicos decorrentes até o retorno do aeroporto Salgado Filho;

– Num Estado que sofre a destruição de uma guerra, sem estar em conflito, precisamos de maior apoio do Governo Federal, porque o momento exige superação e despreendimento para recuperar uma normalidade mínima de acesso aéreo ao RS. Temos duas bases militares aéreas, precisamos buscar alternativas para ampliar drasticamente a operação comercial emergencial da base de Canoas, suprindo a maior parte do déficit de 90 vôos diários do Salgado Filho e evitando que se agravem os prejuízos sociais desta tragédia.

Complementou dizendo que o Governo não está dando ao RS respostas à altura da tragédia sofrida. “Precisamos desconstruir esta narrativa de que muito está sendo feito quando na verdade falta dinheiro,  apoio e decisões políticas para a reconstrução do Rio Grande do Sul”, concluiu.