Entre as instituições de ensino atingidas pelas enchentes de maio em Eldorado do Sul, uma das cidades mais afetadas, a primeira escola estadual reabriu, nesta quarta-feira (10/7), as portas para aulas presenciais. Localizada no Bairro Residencial, a Escola Estadual de Ensino Médio Eldorado do Sul é a maior da rede estadual no município, atendendo cerca de 650 alunos, e estava fechada desde o início da crise meteorológica no Rio Grande do Sul.
Na região, a água chegou a subir 1,8 metros, mas não alcançou diretamente o prédio escolar, que fica em um terreno mais elevado em relação ao entorno. Por conta disso, o local serviu de abrigo para aproximadamente 800 pessoas da região. Para substituir o mobiliário danificado devido aos eventos meteorológicos extremos, a Secretaria da Educação (Seduc) entregou 428 conjuntos de classe e cadeira e 15 mesas de professores para a escola.
O reencontro foi marcado por festividades e ações de acolhimento. Além da cerimônia no saguão da escola, os alunos foram recebidos com atividades lúdicas, envolvendo jogos de tabuleiro e práticas esportivas. No entanto, devido a reparos em andamento, apenas o andar térreo da escola está em uso, com um esquema de revezamento entre os três anos do Ensino Médio para garantir a continuidade das aulas presenciais.
Na sala dos professores, a equipe diretiva preparou kits de boas-vindas, contendo cadernos e estojos, que foram distribuídos aos estudantes. A diretora Rejane Fortes, que liderou os esforços de reabertura, explicou que este primeiro momento será focado no diálogo com os estudantes para mapear pendências e conduzir a recomposição das aprendizagens.
Ela também demonstrou entusiasmo com a retomada, afirmando que é um modo de reafirmar o papel transformador da educação. “Para nós, foi muito agoniante não ter o contato com os alunos e saber que muitos estavam em situação de risco. Agora nós estamos aqui, podendo dar esse suporte, motivar e trabalhar o conhecimento, que é fundamental para que esses alunos continuem sonhando,” comemorou.
Claudete Oliveira, coordenadora da 12ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), que inclui Eldorado do Sul, participou do evento de reabertura e elogiou a rapidez do processo de recuperação. “É um tempo recorde pegar uma estrutura de três andares e colocá-la em condições adequadas de receber os alunos, depois do que a escola passou. A desilusão e desesperança que nos acometeram foram substituídas pela alegria de ver a escola limpa e pintada. Sem o barulho das crianças, a escola perde sua essência. Este retorno simboliza não apenas a recuperação física, mas também a renovação da esperança e do sentimento de segurança”, afirmou.
O professor de matemática, Hidalgo Liscano, leciona tanto em Eldorado do Sul quanto em Canoas e contou que houve uma cooperação entre escolas de diferentes cidades da Região Metropolitana de Porto Alegre. Segundo ele, junto com a busca ativa dos estudantes, os docentes uniram esforços para ajudar com doações e campanhas solidárias. Ele refletiu ainda sobre os acontecimentos de maio. “Foi um mês de muita apreensão. Ficávamos tensos, preocupados com os alunos e com toda a comunidade escolar. Este momento de retomada reforça o pertencimento à escola. Enquanto professores, sabemos a importância da vivência escolar”, reforçou.
Eldorado do Sul possui seis escolas estaduais, abrangendo 1.570 estudantes de Ensino Fundamental e Médio. A previsão da Seduc é que todas as escolas da Rede Estadual estejam com aulas presenciais até 5 de agosto, quando começa o segundo semestre letivo.