Porto Alegre, segunda, 25 de novembro de 2024
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Na Expointer, Secretaria da Educação discute inovação em escolas do campo e desafios da Rede Estadual pós-enchentes

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A secretária da Educação, Raquel Teixeira, traçou o cenário de gestão de crise desde o início das fortes chuvas e inundações - Foto: Gustavo Perez/Ascom Seduc

 

 

Nesta sexta-feira (30/8), a Secretaria da Educação (Seduc) participou da programação da Expointer, com uma série de painéis e palestras que debateram temas como o potencial de inovação das escolas do campo e as mudanças das práticas educacionais após as enchentes de maio. O evento, realizado no Pavilhão Internacional do Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, contou com a presença da titular da Seduc, Raquel Teixeira, que abordou os desafios da Rede Estadual de ensino no contexto pós-emergência climática.

Raquel fez uma panorama da situação no Estado, traçando o cenário de gestão de crise desde o início das fortes chuvas e das inundações. Mais de 1.100 escolas estaduais foram afetadas de alguma forma em 29 das 30 Coordenadorias Regionais de Educação (CREs), com impacto na rotina de alunos, funcionários e professores, e 608 registraram danos na infraestrutura. Em resposta à situação de emergência, 89 escolas foram transformadas em abrigos, acolhendo milhares de pessoas desalojadas.

Raquel enfatizou que a educação gaúcha deve se adaptar a uma realidade de mudanças climáticas. “Vivemos uma pandemia que fechou as escolas por dois anos e, agora, enfrentamos a maior catástrofe climática do Rio Grande do Sul. Precisamos preparar nossos jovens para o futuro. Eles precisam entender a diferença entre deslizamento, enchente, inundação, correnteza, estiagens, além de compreender o que fazer diante desses eventos que nos afetam cada vez mais,” afirmou.

Ao longo da crise climática, a Seduc coordenou medidas para assegurar o funcionamento da Rede Estadual, atendendo às diversas demandas das escolas afetadas. Entre as ações, Raquel detalhou iniciativas como: a criação de um sistema de monitoramento em tempo real, mapeando o impacto nas escolas; as atividades de acolhimento para a comunidade escolar; o papel da busca ativa, que teve que ser reinventada para buscar estudantes que perderam suas casas e ficaram incomunicáveis; e a retomada do atendimento pedagógico junto com a recuperação das escolas afetadas, em parceria com a Secretaria de Obras Públicas (SOP).

Quase quatro meses após as enchentes, 99,9% das escolas estaduais retomaram suas atividades presenciais. Para Raquel, o foco agora é a implementação do Programa Escolas Resiliente, que busca criar planos de contingência e mudar a arquitetura das escolas com a criação de espaços verdes e de infraestrutura adaptada a eventos extremos.

Além disso, tem o objetivo de promover um currículo que integre a temática ambiental de forma transversal, reforçando ainda competências socioemocionais como a resiliência e a autogestão. “A emergência climática demanda que a retomada das aulas não seja somente um retorno, mas uma refundação da Educação sobre novas bases”, resume Raquel.

Outro momento do evento da Seduc foi a apresentação do projeto Web Irrigação, desenvolvido por dois jovens do interior de Santo Ângelo, ex-estudantes da Escola Estadual de Ensino Médio Buriti. O sistema tecnológico permite o controle da irrigação agrícola via celular, economizando até 80% de água e energia. Gustavo Stroschön e Adriano Brückmann tiveram a ideia quando estavam entre o segundo e o terceiro ano do Ensino Médio.

Desde então, com o sucesso da iniciativa, o trabalho ganhou destaque em feiras regionais, resultando em prêmios e na transformação da iniciativa em uma startup. “Começamos a analisar os problemas da escola, como a dificuldade de manter a horta no final do ano devido à irrigação manual. Isso nos levou a automatizar o sistema, integrando programação e práticas rurais,” explicou Gustavo, de 20 anos, que está cursando o bacharelado em Engenharia Agronômica.

Ao final, a Superintendência da Educação Profissional do Estado (Suepro) realizou um painel em formato de diálogo com estudantes da Escola Estadual Técnica Encruzilhada, de Maçambará, e da Escola Estadual Técnica Celeste Gobato, de Palmeira das Missões. Os participantes falaram sobre a implicação das mudanças climáticas em suas comunidades, explicando sobre como elas afetam o modo de vida das comunidades rurais.

“A ideia de mudança climática, até uns anos atrás, era muito etérea. Agora ela tem se materializado, deixou de ser um conceito teórico. Podemos ver os efeitos concretos na nossa realidade. Percebemos a necessidade de formação dos nossos jovens, preparados para o século XXI. A educação profissional é capaz de fomentar a construção desses projetos de futuro”, conclui o superintendente da Suepro Tomás Collier, que mediou o painel com os alunos.