Porto Alegre, domingo, 24 de novembro de 2024
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Em atrito com potenciais “sucessores”, Bolsonaro marca terreno na direita por 2026

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Bol­so­naro busca rea­fir­mar sua pri­ma­zia na defi­ni­ção de uma can­di­da­tura pre­si­den­cial. Foto: EBC

 

 

Reportagem de O Globo mostra que após gover­na­do­res da direita acu­mu­la­rem vitó­rias em seus Esta­dos no pri­meiro turno das elei­ções muni­ci­pais, o ex-pre­si­dente Jair Bol­so­naro busca rea­fir­mar sua pri­ma­zia na defi­ni­ção de uma can­di­da­tura pre­si­den­cial deste campo para as elei­ções de 2026. Ele estará ine­le­gí­vel. Bol­so­naro inau­gu­rou uma nova ofen­siva neste segundo turno con­tra os gover­na­do­res do Paraná, Rati­nho Jr. (PSD), e de Goiás, Ronaldo Cai­ado (União), apon­ta­dos como pré­-can­di­da­tos por seus par­ti­dos.

A inter­lo­cu­to­res, ele tam­bém fri­sou que uma can­di­da­tura do gover­na­dor de São Paulo, Tar­cí­sio de Frei­tas (Repu­bli­ca­nos), pre­ci­sa­ria de seu pró­prio aval. O ex-presidente reco­nhece, porém, que o ali­ado é o favo­rito para des­pon­tar como her­deiro do espó­lio bol­so­na­rista.

Outro gover­na­dor, Romeu Zema (Novo), de Minas, que tenta se posi­ci­o­nar como pos­sí­vel vice de Tar­cí­sio, busca colar em Bol­so­naro. O mineiro vem fazendo uma pere­gri­na­ção em apoio a can­di­da­tos do PL a pre­feito em outros esta­dos, como Goiás e Mato Grosso.

Em con­ver­sas reser­va­das, o ex-pre­si­dente tem des­car­tado a hipó­tese de apoiar Zema ou Caiado em 2026. Ambos se colo­ca­ram como adver­sá­rios do PL em seus esta­dos nas cam­pa­nhas deste ano. Outro que entrou mais recen­te­mente na mira foi Rati­nho Jr., que até então man­ti­nha boa rela­ção com o par­tido de Bol­so­naro. O PL indi­cou o ex-depu­tado e jor­na­lista Paulo Mar­tins como vice na chapa de Edu­ardo Pimen­tel (PSD), can­di­dato apoi­ado pelo gover­na­dor em Curi­tiba.

Na reta final, Bol­so­naro entrou na cam­pa­nha de uma rival de Pimen­tel, a jor­na­lista Cris­tina Gra­eml (PMB), no período que coin­ci­diu com uma ofen­siva naci­o­nal de lide­ran­ças do PL con­tra o PSD. Os dois par­ti­dos têm riva­li­zado sobre dife­ren­tes assun­tos, que vão desde o impe­ach­ment de minis­tros do Supremo Tri­bu­nal Fede­ral (STF) até a hipó­tese de Tar­cí­sio con­cor­rer à Pre­si­dên­cia em 2026.

Bol­so­naro já mer­gu­lhou em cam­pa­nhas de segundo turno em Goiás, onde pas­sou a ata­car Cai­ado e seu can­di­dato a pre­feito de Goi­â­nia, San­dro Mabel (União), que enfrenta o bol­so­na­rista Fred Rodri­gues (PL). Em comí­cio na capi­tal goi­ana, o ex-pre­si­dente cha­mou Cai­ado de “ros­na­dor” e pro­cu­rou miná-lo no elei­to­rado mais à direita.

Em meio ao con­flito aberto entre Cai­ado e Bol­so­naro, Zema mer­gu­lhou em cam­pa­nhas de Goiás nas quais o PL se coli­gou ao Novo. Em Goi­â­nia, Zema dis­cur­sou ao lado do bol­so­na­rista Fred Rodri­gues na sede do PL, com ata­ques vela­dos a Cai­ado e a Mabel.

“Goi­â­nia tem uma deci­são muito impor­tante: se quer um polí­tico jovem, que veio para mudar os vícios da velha e má polí­tica defi­ni­ti­va­mente, ou se quer con­ti­nuar com os mes­mos de sem­pre”, disse.

O gover­na­dor mineiro tam­bém se jun­tou a Bol­so­naro em Cui­abá onde ambos par­ti­ci­pa­ram de um comí­cio em apoio ao can­di­dato do PL, Abi­lio Bru­nini, con­tra o petista Lúdio Cabral. Ape­sar do ali­nha­mento com bolso­na­ris­tas em outros Esta­dos, Zema desa­gra­dou Bol­so­naro ao não apoiar o can­di­dato do PL em Belo Hori­zonte, Bruno Engler.

Ciente de que não tem a pre­fe­rên­cia de Bol­so­naro para enca­be­çar uma can­di­da­tura pre­si­den­cial em 2026, Zema já citou publi­ca­mente, em junho, que pode com­por uma chapa da direita como vice, e se refe­riu a Tar­cí­sio como “nome natu­ral” deste campo.

A ali­a­dos, Bol­so­naro tam­bém admite que Tar­cí­si­o é o favo­rito para ter seu apoio, mas afirma que o gover­na­dor de São Paulo pre­ci­sará “ir até ele”, em busca do aval. O pre­si­dente do PL, Val­de­mar Costa Neto, tam­bém tem ins­tado Tar­cí­sio a se posi­ci­o­nar como postulan­te à Pre­si­dên­cia — algo que con­tra­ria Kas­sab, outro ali­ado do gover­na­dor, que defende que ele tente a ree­lei­ção no Estado em 2026.

Tar­cí­sio saiu for­ta­le­cido das elei­ções muni­ci­pais ao ter par­ti­ci­pa­ção con­si­de­rada “deci­siva” para que Ricardo Nunes (MDB) avan­çasse ao segundo turno em São Paulo. Ele se envol­veu até mesmo na pre­pa­ra­ção de Nunes para deba­tes. O gover­na­dor tam­bém ampliou a base de pre­fei­tos de seu par­tido, o Repu­bli­ca­nos, no inte­rior do estado. Se a migra­ção para o PL era tida antes como con­di­ção para que Tar­cí­sio fosse o can­di­dato do bol­so­na­rismo à Pre­si­dên­cia, agora o ex-pre­si­dente já admite até que o ali­ado con­corra sem que este­jam no mesmo par­tido.