No ano em que se completam 50 anos de sua partida, Lupicínio Rodrigues é eternizado em um painel gigante que estampa a fachada do Foro Central II, na Avenida Edvaldo Pereira Paiva, em Porto Alegre. O projeto artístico, realizado em parceria entre o Poder Judiciário do Rio Grande do Sul e o festival Virada Sustentável e assinado por Kelvin Koubik, foi inaugurado no fim da tarde desta segunda-feira (04/11), com a presença de autoridades e familiares do cantor e compositor negro porto-alegrense, cuja obra reverbera em todo o país. O evento, que integra a programação dos 150 anos do Tribunal de Justiça (TJRS) gaúcho, também foi marcado pelo lançamento da Campanha de Enfrentamento ao Racismo.
“A união destes três polos – Virada Sustentável, homenagem a Lupicínio Rodrigues e combate ao racismo – simplesmente, para nós, é um espaço de agradecimento a todos esses movimentos sociais que existem, por nos oportunizar ter condições de ingressar nessas lutas justas. Porque o nosso compromisso sempre foi e sempre será com a justiça”, afirmou o Presidente do TJRS, Desembargador Alberto Delgado Neto.
“Lupi”
Lupicínio Rodrigues, ou Lupi, como é carinhosamente conhecido, nasceu em Porto Alegre, no dia 16 de setembro de 1914 e faleceu em 27 de agosto de 1974, pouco antes de completar 60 anos. Autor de marchinhas de Carnaval e de sucessos imortalizados na voz de vários intérpretes da MPB, como “Se Acaso Você Chegasse”, “Felicidade”, “Nervos de Aço” e “Vingança”, seus versos falavam de amores, traições, tristezas, ajudando a criar o termo “dor-de-cotovelo”. Foi ele também quem escreveu o hino do Grêmio, de quem era torcedor.
A Orquestra Jovem apresentou algumas das principais obras do homenageado, com a participação especial do cantor João de Almeida Neto. “Eu me sinto muito honrado de, mesmo de uma forma simbólica, poder me sentar à mesa com o Lupicínio Rodrigues e cantar uma música dele. A sensação que eu tenho é de que o Poder Judiciário do RS compreende e valoriza a história e a dignidade da arte. É um gesto muito bonito”, afirmou o cantor.
O Presidente do TJRS se declarou orgulhoso em ter a imagem de Lupi na fachada de um dos principais prédios do Judiciário do Rio Grande do Sul. “Que fique eternizado ali que Lupicínio Rodrigues é nosso, que ele merece esse reconhecimento e mostra que Porto Alegre tem, sim, vida noturna, a sua boemia e informa a seus turistas e a todos que ele é gaúcho”, frisou o Desembargador Alberto Delgado Neto.
A Juíza Diretora do Foro da Comarca de Porto Alegre, Gioconda Fianco Pitt, lembrou que, no prédio, trabalham cerca de 1,2 mil pessoas, entre magistrados, servidores, estagiários e terceirizados. Diariamente, circulam pelo Foro II (ou Foro Cível) cerca de 2 mil pessoas. Para a magistrada, a instalação do mural é “um legado para a cidade e marca os 150 anos do TJRS”.
Atento às ações sustentáveis e de responsabilidade socioambiental, o TJRS se uniu à programação da Virada Sustentável POA 2024, buscando fomentar três dos Objetivos Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU): redução das desigualdades, cidades e comunidades sustentáveis e ação contra a mudança global do clima.
Além do lançamento do mural de Lupicínio Rodrigues, o TJRS inaugura amanhã (05/11), às 11h, a sua microfloresta urbana, na entrada do Foro Central I, na Avenida Aureliano de Figueiredo Pinto. O plantio de 300 mudas de espécies nativas, num espaço de 100m², já começou nesta segunda-feira, por magistrados, servidores e alunos de escolas públicas. Estão previstas ainda, no dia 8/11, a Karavana da Virada, que levará estudantes de Porto Alegre a uma visita ao Memorial do Judiciário, onde participarão de um júri simulado envolvendo questões de sustentabilidade, e a coleta de resíduos eletroeletrônicos, atividade voltada ao público em geral.
O Presidente Alberto Delgado Neto destacou que o Poder Judiciário reforça o seu compromisso com a sociedade e com a consolidação da democracia: “A Virada Sustentável não deve ser só um compromisso do TJ; é um apelo para que nos unamos, as instituições públicas e privadas, para que este estado se comprometa e aja concretamente no que diz respeito à sustentabilidade. O Tribunal está fazendo a sua parte e quer fazer cada vez mais”, ressaltou o magistrado.
O Artista Plástico Kelvin Koubik, responsável pelos três murais instalados na Capital, tem trabalhos espalhados no país e no mundo. Ele também agradeceu ao TJ, aos patrocinadores, ao festival e à sua equipe. “A gente deixa mais um legado para a cidade. Aproveitem a programação, tem muita arte pela cidade. Foi um processo muito legal”.
O Secretário de Estado da Cultura em exercício, Benhur Bortolotto, destacou a importância do investimento na arte e também a personalidade de Lupicinio Rodrigues. “Iniciativas como essa são a garantia de que nossa história, nossa cultura é feita por pessoas de todas as cores”, ressaltou. “O que buscamos aqui fazer é deixar um legado de cidadania, inclusão e compreensão de que o desenvolvimento do estado depende de todas as pessoas”. Gerente-Executiva de Relações Institucionais da Sulgás, Carolina Bahia falou em nome dos patrocinadores do festival. “Estamos aqui falando de pessoas. Quando a gente patrocina a Virada Sustentável, quando a gente acompanha músicos tão jovens (referindo-se à Orquestra Jovem), quando admiramos essa obra que está lá fora, estamos falando do futuro do nosso país. Também é um orgulho homenagear um artista que faz parte da história do RS”.
Delete o racismo – Pratique o respeito
O momento também foi de lançamento da campanha “Delete o racismo – Pratique o respeito”. Negro e de família humilde, Lupicínio Rodrigues lutou contra o racismo. Foi o primeiro na cidade a invocar a lei contra o racismo e também jogador da Liga dos Canelas Pretas (nome popular da Liga Nacional de Futebol Porto-Alegrense, do início do século XX, formada unicamente por homens negros).
“O Judiciário lida com pessoas e com dramas, diariamente. Ora, se somos atropelados por dramas e conflitos que nos trazem todos os dias, temos que demonstrar para a sociedade que estamos aqui para devolver acolhimento, afeto, amor e lutar com força real, através dos nossos magistrados e servidores, de que o racismo é uma chaga e não deve ter espaço nenhum na nossa sociedade”, afirmou o Presidente do TJRS.
Prestigiaram a cerimônia o 1º Vice-Presidente do TJRS, Desembargador ícaro Carvalho de Bem Osório, a ex-Presidente do TJRS, Desembargadora Iris Medeiros Nogueira; o Presidente dos Conselhos de Comunicação Social e de Inovação e Tecnologia do TJRS, Desembargador Antonio Vinicius Amaro da Silveira; a Presidente do Comitê Especial dos 150 Anos do TJRS, Desembargadora Márcia Kern; a Ouvidora da Mulher, das Pessoas LGBTQIAPN+ e Pessoas em Situação de Vulnerabilidade, Desembargadora Jane Maria Köhler Vidal; a Desembargadora Alexandra Abrão Bertoluci (Diretora do Foro de Porto Alegre, de fev/22 a out/24, período quando iniciou o projeto do mural); a Coordenadora do Eixo Socioambiental da Virada Sustentável 2024, Julia Caon; a Subdefensora Pública-Geral Aline Correa Lovatto; o Desembargador Eleitoral Francisco Thomaz Telles, representando o Tribunal Regional Eleitora do RS; a Coordenadora da Comissão de Gestão da Memória do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª região, Desembargadora Rosane Serafini Casa Nova; o Secretário de Administração e Patrimônio de Porto Alegre, André Luis dos Santos Barbosa; o Secretário-Adjunto da Cultura de Porto Alegre, Vitor Hugo da Silva; o Presidente da AJURIS, Cristiano Vilhalba Flores; o Presidente da AMP/RS, João Ricardo Santos Tavares; o Juiz-Corregedor Coordenador Max Akira Senda de Brito; a Coordenadora da Unidade Ambiental – ECOJUS do TJRS, Juíza PatrÍcia Antunes Laydner; os representantes do Grêmio Foot-Ball Porto-Alegrense: Alexandre Rossato, Alexandre Bugin, Juliano Ferrer e Mascote Flecha Negra; os representantes do Sport Club Internacional, Letícia Vieira de Jesus e o Mascote Saci, o Diretor-Geral do TJRS, Alberto Araguaci, entre outros magistrados, magistradas, servidoras e servidores.