Porto Alegre, quinta, 07 de novembro de 2024
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RS: Retomada do turismo tem perspectiva otimista, apontam especialistas no Tá na Mesa. Secretários e concessionárias de parques turísticos apresentaram dados animadores na tradicional reunião-almoço

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Rafael Goelzer, Carla Deboni, Júlia Tavares, Rodrigo Sousa Costa, Ronaldo Santini e Sandra Ferraz. Foto: Sérgio González

 

O cenário do turismo gaúcho, mesmo após as enchentes, é positivo. Foi o que os palestrantes do Tá na Mesa da FEDERASUL apresentaram na reunião-almoço desta quarta-feira (6), que reuniu o secretário estadual de Turismo, Ronaldo Santini, a gerente geral do Parque do Caracol, Sandra Ferraz, a secretária de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Porto Alegre, Júlia Tavares, e a diretora da Gam3 Parks, Carla Deboni. O evento abordou desde a recuperação das atividades turísticas após as enchentes até estratégias para consolidar o estado como destino de destaque.

O presidente da FEDERASUL, Rodrigo Sousa Costa, abriu o evento e destacou o potencial turístico do Rio Grande do Sul, que, segundo ele, ainda não é explorado ao máximo. Costa ressaltou a importância de o estado utilizar a recente repercussão das enchentes para reforçar o senso de responsabilidade na reconstrução do turismo local. “A partir dessa imagem do RS, que foi dolorosa e triste, nos cabe o dever de resgatar um turismo mais próspero e mais pujante do que já tivemos”, afirmou. O painel foi mediado pelo presidente de Integração da FEDERASUL, Rafael Goelzer, que também é empresário do setor do turismo gaúcho, em Viamao.

“Reconquistar visitantes”

O secretário estadual de Turismo, Ronaldo Santini, iniciou sua fala lembrando os desafios enfrentadas pelo setor, as quais impactaram o planejamento de muitos turistas. “Vivemos dificuldades que fazem os turistas reorganizarem suas agendas”, disse. Ele destacou que a infraestrutura afetada está sendo restabelecida, com destaque para a retomada do aeroporto, e que o estado agora trabalha para reconquistar visitantes. “Precisamos recaptar esses turistas”, afirmou, enfatizando que já há um retorno gradual de visitantes.

Santini também reforçou a necessidade de diversificação dos acessos ao estado, mencionando o projeto do novo aeroporto na Serra Gaúcha, que reduzirá a dependência do Aeroporto Salgado Filho. “Precisamos de um novo terminal, de novas vias de acesso”, comentou. O secretário defendeu ainda parcerias para atrair cruzeiros e desenvolver novos destinos turísticos no estado.

O secretário também ressaltou que até mesmo os gaúchos e porto-alegrenses não sabem tudo que há disponível para turismo. “Falta pertencimento, as pessoas desconhecem as atrações da própria cidade. Temos que incentivar, influenciar, contar que temos uma rota cervejeira, por exemplo, que muita gente desconhece, uma costa doce que podemos passar dias muito agradáveis”, afirmou.

Ao final de sua fala, Santini sublinhou a importância de fortalecer o sentimento de pertencimento entre os gaúchos, incentivando o turismo interno e destacando a diversidade das 24 regiões turísticas do estado. “Não existe estado mais diverso, com mais oportunidades de turismo”, afirmou. Ele citou o potencial do turismo de saúde, que, embora inferior apenas ao de São Paulo, é altamente qualificado.

Incentivo

A Secretária de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Porto Alegre, Júlia Tavares, destacou as medidas da prefeitura para impulsionar o setor, como a redução do ISS de 5% para 2%, em vigor desde a pandemia. Segundo ela, Porto Alegre tem se recuperado bem dos prejuízos das enchentes, que teve 45 mil empresas impactadas, com iniciativas como a suspensão temporária do IPTU para aliviar o setor. “A retomada da cidade nos surpreendeu. Nós vemos pela movimentação das ruas, pela arrecadação de ISS. A grande parte da cidade já retomou ao normal”, comentou.

Tavares também destacou que o setor de serviços foi o mais afetado pelas recentes enchentes, com 29 mil CNPJs impactados, em especial restaurantes, resultando em um prejuízo de cerca de R$ 3 bilhões, dos quais a maior parte foi em Porto Alegre. Ainda assim, 2023 foi um ano positivo para a cidade, com o melhor desempenho na geração de empregos no setor turístico, que alcançou um saldo positivo de 3.789 vagas e uma taxa de ocupação hoteleira de 55%, acima da média histórica de 42%. Ao todo, a capital conta com 300 meios de hospedagem, um suporte essencial para acomodar visitantes nacionais e internacionais.

Quanto ao fluxo de turistas internacionais, 2023 registrou 298 mil desembarques, enquanto, até setembro de 2024, foram apenas 61 mil, uma queda atribuída ao fechamento temporário do aeroporto durante as enchentes. A expectativa, inicialmente, era que julho de 2024 fosse o melhor mês da história do aeroporto, mas a recuperação deve ser gradual. Segundo a secretária, a cidade atrai 88% dos turistas por motivos de saúde, 77% por lazer e negócios, 72% para eventos esportivos, 61% para eventos culturais e 55% para eventos técnicos.

Entre os eventos de maior destaque de 2024, a Maratona Internacional movimentou R$ 22,6 milhões e atraiu atletas de todo o mundo, incluindo participantes de Taiwan e Quênia. Eventos como o South Summit também foram mencionados como fundamentais para a economia, embora ainda se busque consolidar dados mais amplos sobre seu impacto financeiro.

Investimentos

Representando o Parque do Caracol, Sandra Ferraz destacou a importância da preservação ambiental como um dos pilares da concessionária que administra. Ela apresentou novidades para o parque de 51 anos, que incluem um novo deck, trilha suspensa e mirante, integrando a infraestrutura à natureza do local. “Nossa parceria não é só de 30 anos, é algo que queremos que seja eternizado. Será mais de 100 milhões em investimentos, é uma parceria de sucesso”, disse Sandra, ressaltando seu compromisso com o Rio Grande do Sul.

Entre as novas atrações, Ferraz anunciou o primeiro salto de pêndulo do estado, com mais de 100 metros de altura, ampliando o leque de experiências para os visitantes.

Orla do Guaíba

A diretora da Gam3 Parks, Carla Deboni, celebrou a movimentação intensa da Orla Moacyr Scliar durante o Acampamento Farroupilha, que reuniu mais de 2 milhões de pessoas. “Foi sensacional atingirmos isso. A orla está em outro patamar, fora da zona de proteção. Ali não se trata de reconstruir, mas de replanejar. Está sendo estudada junto à prefeitura para criarmos um projeto “, explicou.

Deboni também defendeu a criação de uma cidade que valorize a qualidade de vida e o consumo de produtos turísticos locais, incentivando os próprios gaúchos a explorarem os atrativos locais. “Quando viajamos, vamos a museus. E aqui, visitamos o MARGS, o Iberê?”, provocou, ressaltando a importância de valorizar a cultura regional.