Mais do que uma brincadeira, os módulos Lego são uma ferramenta educacional. Uma maneira de estimular a criatividade e cognição. Tanto que as peças desmontáveis são utilizadas na confecção de robôs. Durante a 6ª Mostra Sesi Com Ciênci@, promovida pelo Sistema FIERGS, ocorreu a final regional do Torneio de Robótica First Lego League (FLL), nos dias 7 e 8 de novembro em Canoas. A atividade envolveu 208 estudantes e 57 técnicos (professores que orientam os alunos), sendo cinco de contraturnos de escolas Sesi, 12 da rede pública e 10 da privada – totalizando 27 equipes inscritas.
Quatro grupos foram classificados pelos jurados – sendo três finalistas – para a final nacional da competição, agendada para março, em Brasília. São elas: a campeã Tecnoway (Caminho Rede de Ensino, de Caxias do Sul), a segunda colocada Construtores SH ( EMEF Saint Hilaire, Porto Alegre), a terceira Aventura Lego (Sesi Santa Cruz do Sul) e ainda a Gods of Innovation (EMEF Cristo Rei, Horizontina). Os times integram a principal categoria, a Champignons Awards, que considera uma média da pontuação nos quesitos avaliados (projeto de inovação, core values, design do robô e desafio do robô).
Para o professor Diogo Arthur Dornelles Ribeiro, coordenador de inovação da Caminho Rede de Ensino, a vitória pontua o esforço e a dedicação dos estudantes. “Ensinar essa galera jovem a trabalhar em equipe traz grandes frutos e é um começo para a grande caminhada que eles têm adiante”, avalia Ribeiro. “É uma felicidade ganhar esse troféu, pois estamos há anos aprendendo com os erros das temporadas”, acrescenta Enzo Guerra, 15 anos, que integrou a Tecnoway.
O professor de matemática Bruno Silva Santos, que atua com robótica educacional na Escola Municipal Saint Hilaire, destaca que a conquista do vice-campeonato pela Construtores SH mostra a força e a qualidade da educação pública. “São alunos da periferia de Porto Alegre, uma zona de extrema pobreza e vulnerabilidade social. Participar aqui, competindo de igual para igual com os demais, revela que nossos alunos são capazes de ocupar os lugares que eles bem quiserem”, observa o educador.
Jenifer Alves, 14 anos, da equipe Construtores SH, fez questão de assinalar o poder transformador da robótica: “Eu entrei na robótica há quatro anos e, desde então, é a coisa mais importante da minha vida. É onde eu quero eu ficar, algo que quero manter, pois é apaixonante.”
Como funciona
O torneio FLL é baseado em problemas do mundo real que inquietam profissionais, como cientistas e engenheiros. Neste ano, o tema foi “Submerged” (submerso), focado na exploração dos oceanos e das questões ambientais que os afetam. Os participantes desenvolveram possíveis formas de ajudar em situações como aquecimento dos oceanos, poluição marinha, sobrepesca e destruição de habitats.
As criações integram parte da “First® Dive” (primeiro mergulho), temporada 2024-2025 de robótica proposta pelo Sesi. A ideia surgiu em meio à Década do Oceano, proclamada pela Organização das Nações Unidas (ONU), e convida alunos de nove a 15 anos a pensarem como melhorar o mundo com oceanos saudáveis. A iniciativa, além de promover a conscientização da nova geração, é uma oportunidade para discutir a respeito dos problemas ambientais enfrentados pelos oceanos.
Cada equipe teve de oito a 10 semanas para se preparar e enfrentar as quatro categorias de avaliações:
Projeto de inovação – a FLL não envolve apenas construir e competir com robôs. O projeto de pesquisa é a oportunidade para sentir como é ser um cientista, um inventor ou um engenheiro. Na avaliação do Projeto de Inovação, as equipes identificam um problema do mundo real na área do tema do desafio da temporada, criam uma solução inovadora para esse problema (algo que não existe ou com base em algo que já existe), compartilham suas descobertas com outras pessoas e apresentam seu projeto de pesquisa para um grupo de juízes.
Core Values – os estudantes aprendem que competição amigável e ganho mútuo não são objetivos distintos. Auxiliar o outro é a base do trabalho em equipe. Os core values devem ser praticados por todos os participantes, competidor, técnico, juiz, ou qualquer outra pessoa envolvida na disputa. São valores humanos que descrevem um modo de atuar em conjunto e que valoriza o respeito mútuo e o trabalho de alta qualidade.
Design de robô – as equipes utilizam a tecnologia Lego® Mindstorm para desenvolver o desenho mecânico de robôs autônomos usados para pontuar nas missões do desafio do robô. Os times podem usar sensores de movimento, cor, toque, controladores e motores. É necessário traçar a estratégia e desenvolver a programação que colocará os robôs em ação para executar as tarefas. Na avaliação desse quesito, os times definem as estratégias e inovações para o robô, desenham e constroem o projeto mecânico, programam o equipamento para a realização das missões do desafio do robô e apresentam o processo de desenvolvimento e construção para um grupo de juízes. Os jurados avaliam a capacidade da equipe em demonstrar o que foi feito e como foi feito, bem como explicar a evolução do trabalho até o projeto final.
Desafio do robô – é o momento em que a máquina entra em ação. Para realizar as tarefas, o robô pode navegar, capturar, transportar, ativar ou entregar objetos em uma mesa, sobre um tapete específico da temporada. As equipes têm direito a três rounds, de 2 minutos e 30 segundos cada, para execução. Diferente de outras áreas de avaliação, aqui, as equipes recebem uma pontuação numérica durante os rounds. O round em que o time conquistar o maior número de pontos será considerado para a pontuação final, sendo descartados os dois rounds com menor nota.
Confira os vencedores da final regional Torneio de Robótica First Lego League
Champion’s Award
1º lugar – Tecnoway (Caminho Rede de Ensino, Caxias do Sul)
2º lugar – Construtores SH (EMEF Saint Hilaire, Porto Alegre)
3º lugar – Aventura Lego (Sesi Santa Cruz do Sul)
4º lugar – Gods of Innovation (EMEF Cristo Rei, Horizontina) – classificada para etapa nacional
Suplentes para etapa nacional
Spark (Escola Sesi Albino Marques, Gravataí)
Lobóticos (EMEF Heitor Villa Lobos, Porto Alegre)
Leorobots (Colégio Leonardo Da Vinci – Gama, Canoas)
Desafio do robô
1º lugar – Construtores SH (EMEF Saint Hilaire, Porto Alegre)
2º lugar – Aventura Lego (Sesi Santa Cruz do Sul)
Técnico/Mentor destaque
1º lugar – Bruno Silva Santos (Construtores SH – EMEF Saint Hilaire, Porto Alegre)
2º lugar – Luciana C.K. Tadewald (Lions – EMEF Pepita de Leão, Porto Alegre)
Desempenho do robô
1º lugar – Tecnoway (Caminho Rede de Ensino, Caxias do Sul)
2º lugar – Construtores SH (EMEF Saint Hilaire, Porto Alegre)
Design do robô
1º lugar – LeoRobots (Colégio Leonardo da Vinci – Gama, Canoas)
2º lugar – Gira Bagre Alpha (Colégio Santa Rosa)
Projeto de inovação
1º lugar – Spark (Escola Sesi Albino Marques, Gravataí)
2º lugar – Lions (EMEF Pepita de Leão, Porto Alegre)
Core Values
1º lugar – Gods of Innovation (EMEF Cristo Rei, Horizontina)
2º lugar – Lobóticos (EMEF Heitor Villa Lobos, Porto Alegre)