Parte nesta sexta-feira (22), do Porto de Rio Grande, a Expedição Internacional de Circum-Navegação Costeira Antártica. Liderada pelo Brasil, a missão inédita reunirá 61 cientistas de sete países para uma viagem de dois meses ao redor da costa do continente polar, coletando dados sobre mudanças climáticas e explorando áreas próximas às geleiras.
O grupo é liderado pelo pesquisador e explorador polar Jefferson Cardia Simões, do Centro Polar e Climático da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), contando com especialistas da Argentina, Chile, China, Índia, Peru e Rússia. O trabalho vem sendo preparado desde o ano passado e tem a gestão da FAURGS (Fundação de Apoio à Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
A diretora-presidente da Fundação, Ana Rita Facchini, explica que foi um projeto extremamente complexo. “Envolveu a contratação de serviços internacionais, prazos no limite e exigências de órgãos governamentais”, destaca a diretora. A FAURGS está na gestão dos recursos da expedição, o que já havia feito em outra missão ao continente antártico.
“É um trabalho que vem para coroar este ano em que celebramos nossas três décadas de atuação ao lado da UFRGS, contribuindo para a construção e disseminação de conhecimento científico”, enfatiza Ana Rita. Criada em julho de 1994, a fundação atua com instituições como a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).
20 mil km pela Antártica
A equipe que parte sexta do Porto de Rio Grande vai navegar por mais de 20 mil quilômetros ao redor da costa da Antártica, com 16 pontos de parada para coleta de testemunhos de gelo. Na missão, enfrentarão tempestades, temperaturas extremas e condições desafiadoras das águas da região.
Os cientistas estarão a bordo do navio quebra-gelo russo Akademik Tryoshnikov, contando com laboratórios de ponta e instrumentação científica avançada para análises atmosféricas, biológicas e geofísicas. Além disso, estarão equipados com tecnologia do satélite Starlink, compartilhando em tempo real os dados da missão.
“O pioneirismo desta nova expedição está em ser realizada o mais perto possível da costa da Antártica. Esperamos ter dados sobre a linha de flutuação dessas geleiras e, simultaneamente, apoiaremos um levantamento geofísico dessas frentes de geleiras para entender como elas respondem ao aquecimento da atmosfera e do oceano”, explica Jefferson Cardia, enfatizando que a expedição espera também coletar dados sobre a biodiversidade, a resposta da fauna polar às variações climáticas, a circulação oceânica e os sinais de poluição.