A confiança é um fator fundamental para a economia. Está relacionada à formação de expectativas, apoiando a previsibilidade e a mitigação das incertezas existentes nos ambientes de negócios. Entretando, devido a seu aspecto subjetivo, não é tão fácil de ser mensurada. Mesmo com essa limitação, contudo, a estatística desenvolveu uma forma de medir o que as pessoas esperam sobre uma determinada situação através dos índices de confiança, os quais são sintetizados a partir da metodologia de sondagens de tendência.
O índice de confiança pode ser utilizado por empresas e analistas para saber quais são as expectativas dos agentes em relação à atividade econômica, transformando-se, dessa forma, em um diferenciado indicador macroeconômico. Estes apontamentos são úteis para análises de mercado devido a sua maior agilidade de apuração em relação a outras medidas, como, por exemplo, o PIB.
As sondagens de tendência são levantamentos estatísticos que geram informações usadas no monitoramento da situação corrente e na antecipação de eventos futuros da economia. Por produzirem sinalizações com muita rapidez, são amplamente utilizadas mundialmente como indicadores antecedentes de atividade econômica, tornando-se, assim, ferramentas relevantes a empresários, governos e entidades de classe na análise de conjuntura e para tomada de decisões. Além da agilidade no processamento e divulgação das informações estatísticas, as sondagens são conhecidas pela versatilidade de seus questionários, compostos majoritariamente por questões de natureza qualitativa. Como decorrência, essas pesquisas podem ser moldadas de forma personalizada de acordo com o interesse de empresas ou instituições.
Existem diversos índices que se propõem a medir categorias ou segmentos da economia, como o índice de confiança de percepção do empresário (ICE) ou do consumidor (ICC), ambos apurados pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV). Os indicadores podem ser operacionalizados por diferentes agências de países ou segmentos econômicos, conforme seu objetivo de mensurar quão confiante algum determinado público se encontra.
Nos Estados Unidos, por exemplo, o uso do índice de confiança do consumidor é generalizado tanto pelo setor privado quanto pelo governo e pela mídia. Quando o consumidor está satisfeito e otimista em relação ao futuro, tende a gastar mais e quando está insatisfeito, pessimista, gasta menos. Desta forma, a confiança do consumidor atua como fator redutor ou indutor do crescimento econômico. O monitoramento do sentimento do consumidor vislumbra produzir sinalizações de suas decisões de gastos e poupança futuras, constituindo indicadores relevantes na antecipação dos rumos da economia.
Reconhecendo a importância da medição da confiança, o Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças Rio Grande do Sul (IBEF-RS) lançou, no final de 2023 e de forma inédita no Estado, seu próprio índice, o ICFin. Com periodicidade semestral e metodologia customizada pela Escola de Gestão e Negócios da Unisinos, está atualmente na segunda edição (disponível pelo Linkedin IBEF-RS), e seus dados já vêm sendo incorporados aos processos de tomada de decisão corporativas, uma vez que traz sinalizações de tendência econômica bastante proveitosas a quem atua na gestão dos negócios. Essa edição específica incluiu um capítulo especial relacionado a expectativa de impactos das enchentes.
Considerando o atual momento da economia do Rio Grande do Sul após os fenômenos climáticos deste ano, certamente estudos como o ICFin podem seguir ajudando muitas pessoas e empresas a lerem o cenário em que atuam com maior assertividade e se condicionando a direcionar da melhor forma seus trabalhos.
* Túlia Brugali, Vice-Presidente do IBEF RS, conselheira e consultora empresarial