Porto Alegre, sexta, 14 de março de 2025
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Porto Alegre: Exposição mostra trajetória de dez mulheres negras, que fizeram História no Rio Grande do Sul

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Foto; ALRS

 

A  Assembleia Legislativa inaugurou esta semana, a exposição Donas da História, que retrata a trajetória de dez mulheres negras de diferentes gerações e com atuação em diversas áreas. O evento ocorre em parceria com o Museu Júlio de Castilhos e integra as atividades alusivas ao Dia Internacional da Mulher no Parlamento gaúcho.

A procuradora da Mulher, deputada Silvana Covatti (PP), afirmou que a exposição reúne exemplos de resistência e luta das gaúchas negras, que contrariaram tendências dominantes e deram início a uma caminhada por justiça e respeito. “A mostra é emblemática do reconhecimento e da representatividade da mulher negra, que ainda sofre preconceito e luta para transpor barreiras”, apontou.

Ao encerrar seu pronunciamento, Silvana conclamou as mulheres à união. “Juntas somos mais fortes. Precisamos enxergar a força e o poder de transformação em cada uma de nós e, ao lado dos homens, lutarmos por uma sociedade sem discriminação.”

Na sequência, a deputada Bruna Rodrigues (PCdoB), que substituirá Silvana na coordenação da Procuradoria a partir do dia 18 de março, afirmou que a exposição representa um avanço num ambiente em que as mulheres negras sempre estiveram presentes na “limpeza e na faxina” e fora de outros cenários. “Nos vi limpando e faxinando, mas não ocupando o microfone, como agora, para falar da nossa história. E isso é muito importante para nós, pois costumamos dizer que, quando uma mulher negra se movimenta, toda nossa comunidade se movimenta junto.”

No final, Bruna homenageou Silvana, que já era deputada quando a parlamentar do PCdoB foi estagiária na Assembleia Legislativa: “assim como senti o racismo na pele, senti também tua solidariedade e teu reconhecimento”.

A deputada Delegada Nadine (PSDB) falou sobre os obstáculos enfrentados pelas mulheres “para se colocarem nos espaços de poder e, muitas vezes, até dentro da própria casa. “Se é difícil para as mulheres brancas, imaginem para as mulheres negras numa sociedade ainda racista e sexista”.

Já a secretária de Cultura, Beatriz Araújo, afirmou que, mesmo com enormes barreiras, as mulheres avançaram posições no Rio Grande do Sul. Lembrou que Silvana Covatti foi a primeira mulher a comandar o Parlamento gaúcho e a Secretaria Estadual de Agricultura e que o governo do Estado designou mulheres para postos chaves da gestão.

Mostra

Donas da História foi uma iniciativa do Palácio Piratini que, em sua terceira edição, foi abraçada pelo Museu Histórico Júlio de Castilhos, o mais antigo do Rio Grande do Sul. A diretora da instituição, Doris Couto, revelou que o material foi reeditado e traz luz a questões que a “própria história trata de apagar”. “O povo negro foi invisibilizado. Há raríssimos registros. Estamos buscando material, pois consideramos que a mulher, o povo negro e o povo indígena devem estar na pauta de qualquer museu que se propõe a refletir sobre a história de nosso estado”, apontou.

As mulheres retratadas na mostra são Onira Pereira, considerada a maior porta-estandarte do Carnaval de Porto Alegre; Judith Bacci, escultora e autodidata de Pelotas; Regina Nogueira, pediatra e autoridade organizadora social, política e econômica do povo bantu; Mãe Rita Ialorixá, fundadora do Batuque em Porto Alegre; Sirlei Silva Amaro, mestre Griô pelotense; Teresa Franco, primeira negra eleita vereadora de Porto Alegre; Valéria Barcelos, precursora do Movimento MPBTrans; Amância Coringa, africana que chegou aos 112 anos e viveu em Porto Alegre entre os séculos XIX e XX; Daiane Santos, campeã mundial de Ginástica Artística, e Maria Ignácia da Conceição, quitandeira de Porto Alegre.

A exposição permanecerá até dia é 14 de março no Espaço Deputado Carlos Santos, na entrada do Palácio Farroupilha, e poderá ser conferida das 8h30 às 18h30.