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Análise: Desemprego sobe, mas rendimento real também, por André Perfeito

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© Marcello Casal jr/Agência Brasil

Foi divulgado há pouco pelo IBGE os dados do mercado de trabalho e a taxa de desemprego subiu para 7% no trimestre encerrado em março. No trimestre anterior, encerrado em dezembro de 2024, a taxa foi de 6,2%.

A notícia em tese é boa da ótica da Política Monetária, afinal o Banco Central vem comunicando de maneira explícita que pretende acomodar a inflação de Serviços e como sabemos Serviços é mão de obra. Contudo, a notícia não é tão boa quando abrimos os números. (Na verdade a notícia é boa, mas…)

Quando observamos o Rendimento Médio Real este avançou 1,2%, ou seja, os salários em média subiram 1,2% acima da inflação num trimestre. Em relação ao mesmo período do ano passado a alta é de 4%.

Neste sentido é de se esperar uma posição mais cautelosa do COPOM com os juros e teremos reunião do colegiado do BCB em breve.

O mercado trabalha com a hipótese que a SELIC deve chegar em 15% este ano, logo estamos falando numa alta de mais 75 pontos uma vez que a SELIC hoje está em 14,25%.

Muitos argumentam no mercado que o COPOM deve reduzir o ritmo de alta de 100 pontos base para uma alta de 50 e outra de 25, mas eu discordo deste escalonamento. Acredito que dado o cenário atual externo, a persistência de inflação de alguns grupos alimentícios (proteína animal) e o rendimento em alta o COPOM deve elevar a SELIC em 75 pontos nessa reunião.

Talvez seja um placar rachado, o que irá sinalizar fim de ciclo, mas melhor subir já para o patamar que o mercado espera e assim se preparar para a reunião de junho com certa folga.

Também discordo do mercado sobre a taxa terminal da SELIC. Se de fato subirem 75 pontos e pararem há espaço para se iniciar cortes de juros já no final de 2025, levando a SELIC em dezembro deste ano para 14,75.