Após anos de mobilização do Banco de Tecido Humano-Pele Dr. Roberto Corrêa Chem – que integra a Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais do Sistema FIERGS –, o Sistema Único de Saúde (SUS) passará a oferecer a membrana amniótica como nova tecnologia para o tratamento de pacientes queimados. O anúncio foi feito pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec).
Fundado em 2005 com apoio da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), o Banco de Tecido Humano-Pele foi o primeiro do gênero no Brasil e originou outros três bancos no país. Na época, a Refap equipou o Banco, que está situado na Santa Casa de Misericórdia, em Porto Alegre. Após o acidente na Boate Kiss, em Santa Maria, em 2013, cuja membrana amniótica com material vindo de outros países foi utilizada emergencialmente no atendimento às vítimas da tragédia, o projeto de incluir a membrana para o tratamento de pacientes passou a ser defendido pelo Banco de Tecido Humano-Pele.
A aprovação do uso da membrana amniótica, um tecido biológico obtido de forma ética e segura durante partos cesarianos, representa um no tratamento de lesões graves, com benefícios como recuperação mais rápida, redução de infecções e alívio da dor — além de contribuir para a drástica redução de custos hospitalares.
Segundo o cirurgião plástico Eduardo Chem, coordenador do Banco de Pele, a medida tem potencial para transformar o cenário nacional. “Hoje conseguimos atender cerca de 50 pacientes por ano com pele de doadores falecidos. Com a membrana amniótica, teremos um recurso biológico de alta eficácia e mais acessível, capaz de alcançar a enorme demanda nacional, que ultrapassa um milhão de casos por ano”, afirma.
Para o diretor superintendente da Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais, Paulo Renê Bernhard, essa aprovação é resultado de duas décadas de trabalho conjunto entre a Santa Casa de Porto Alegre e os Bancos Sociais da FIERGS, que agora recebe reconhecimento nacional.