Porto Alegre, sexta, 20 de setembro de 2024
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Memorabilia: Jece Valadão; por Márcio Pinheiro*

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Ele foi o mais completo estereótipo do cafajeste, construindo, em uma carreira de cinco décadas, a imagem de homem rude e machão. Jece Valadão (1930 – 2006) atuou em mais cem filmes. Sua trajetória artística e pessoal, cheia de aventuras e curiosidades, ficou registrada em Memórias de um Cafajeste.

Lançado em 2000, o livro é o que todo o aspirante a cafajeste deveria ter em sua cabeceira. As memórias são a cara dele. Não tem essa de vida reavaliada, nem questões que atormentam a alma. E mais:as principais pérolas do pensamento jeciano vêm em forma de verbete, com letra grande e parágrafos curtos. Afinal, macho que é macho não tem tempo para essas veleidades literárias. E é com porradas verbais que Jece entrega Glauber Rocha (que vivia fumando maconha) e Ruy Guerra (em quem deu uma surra para que ele concluísse Os Cafajestes).

Jece ainda recorda o relacionamento com Vera Gimenez, com quem viveu um tórrido e tumultuado caso de amor por 13 anos. A hoje apresentadora Luciana Gimenez tinha apenas oito meses quando os dois passaram a viver juntos.
Em 1995, tornou-se pastor da Assembleia de Deus e, pouco antes de morrer, gravou um documentário (O Evangelho Segundo Jece Valadão) em que se declarava arrependido por ter sido um pai ausente e em que contava como a religião o transformou em um novo homem.

 

*Márcio Pinheiro, jornalista, escritor e publisher do AmaJazz