Porto Alegre, domingo, 22 de setembro de 2024
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Metade dos médicos relata pressão para dar remédio sem comprovação científica; O Estado de São Paulo

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Um dos principais exemplos é o uso da cloroquina contra a covid-19, que virou um centro de um debate politizado e notícias falsas nas redes sociais; relatos de profissionais são de ameaças de morte, queixas de pacientes e familiares e pedidos de demissão em hospitais. Intensivista Bruna Lordão pediu demissão após ser chamada de 'assassina' Foto: Tiago Queiroz/Estadão

 

 

Embora pesquisas não apontem benefícios no uso de cloroquina e hidroxicloroquina em pacientes com covid-19, o debate político em torno dos medicamentos – capitaneado, muitas vezes, pelo presidente Jair Bolsonaro – coloca médicos na linha de frente do atendimento sob grande pressão. Segundo pesquisa da Associação Paulista de Medicina, 48,9% de quase 2 mil profissionais entrevistados em todo o País relataram pressões de pacientes ou parentes para prescrever remédios sem comprovação científica. Nas redes sociais, também há relatos de intimidação.

O presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Clóvis Arns, chegou a ser ameaçado de morte nas redes sociais e foi alvo de notícias falsas após a instituição publicar recomendação contra a cloroquina para a covid-19, no dia 17. “Notícias falsas e informações sensacionalistas ou sem comprovação técnica são inimigos que os médicos enfrentam simultaneamente à covid-19”, diz o estudo da Associação Paulista de Medicina (APM).

“Pediram a morte do presidente da SBI nas redes sociais, minha família ficou apavorada, não queria que eu fosse trabalhar”, contou Arns. “Por outro lado, tivemos várias manifestações de apoio de diversas sociedades médicas e do Senado Federal. Queremos ficar longe dessa briga ideológica, nosso objetivo é discutir cientificamente apenas. Fazemos medicina baseada em evidências.”

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