Porto Alegre, terça, 26 de novembro de 2024
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A esquerda retoma o voo na América Latina, mas ainda não encontra seu lugar no Brasil; El País

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As presidências de Arce na Bolívia, Fernández na Argentina e López Obrador no México e a possível eleição de Arauz no Equador são evidências de um morno ressurgimento do progressismo regional. No Brasil, ela não conseguiu colocar sua voz num país que girou claramente para a direita. Andrés Arauz, candidato à presidência do Equador, encerra a campanha eleitoral em Quito, no dia 4 de fevereiro.AGENCIA PRESS SOUTH / GETTY IMAGES

 

 

Ele estava tão desconectado do Equador que, no domingo passado, nem pôde votar nas eleições que ganhou. Mas Andrés Arauz, o candidato de esquerda que venceu com uma margem de mais de 10 pontos o primeiro turno das eleições presidenciais, desponta como a figura mais recente de uma nova ascensão de projetos progressistas na América Latina. Residia no México desde 2017 e o aparato do ex-presidente Rafael Correa, que não pôde concorrer por estar condenado a oito anos e inabilitado, organizou in extremis sua volta ao país andino. Arauz é um político jovem, de apenas 36 anos. As urnas demonstraram que a simpatia pelo chamado socialismo do século XXI não se apagou, e agora ele representa uma nova esperança para seus aliados internacionais, que esperam consolidar um novo eixo de esquerda na região.

O primeiro sinal foi dado em dezembro de 2018 no México, com a chegada de Andrés Manuel López Obrador à presidência e de Claudia Sheinbaum à prefeitura da capital. Um ano depois, foi eleito na Argentina o kirchnerista Alberto Fernández, após um mandato de quatro anos do conservador Mauricio Macri. Em outubro, o Movimento ao Socialismo (MAS) voltou ao poder na Bolívia com Luis Arce, depois de um ano de convulsões durante o Governo interino de Jeanine Áñez.

Na Argentina e na Bolívia, foi crucial o impulso de Cristina Fernández de Kirchner, que acompanha Alberto Fernández como vice-presidenta, e de Evo Morales, que tinha sido forçado a renunciar pelo Exército e abandonara o país em meio a acusações de fraude. Ambos representam a geração dos “pais fundadores”, governantes que a partir do ano 2000 dominaram a América do Sul, juntamente com Luiz Inácio Lula da Silva no Brasil, Hugo Chávez na Venezuela e o próprio Correa no Equador.

Foi este último que impulsionou Arauz, que parte como favorito para confirmar sua vitória em segundo turno e deixar para trás o período de Lenín Moreno, visto pelo movimento de Correa como um “traidor”. Houve uma substituição de nomes, algo que em parte é também geracional. Mas, ao mesmo tempo, esses líderes souberam tirar proveito dos erros de seus adversários.

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