Sob o título “O vencedor leva tudo?”, o quarto painel desta terça-feira no Fórum da Liberdade trouxe questionamentos sobre o quanto o mundo digital interfere no processo de globalização. Com mediação da diretora financeira do IEE, Laura Cimenti, e do diretor de eventos da entidade, Felipe Franzon, o evento teve como palestrantes João Pinho de Mello, Ricardo Geromel e Ronaldo Lemos.
João Pinho de Mello, diretor de Organização do Sistema Financeiro do Banco Central, destacou que a escolha da instituição financeira, do ponto de vista de política pública e regulação, é incorporar as mídias sociais e garantir que o efeito seja pró-competitivo. Pela experiência do especialista, a tecnologia diminui radicalmente o custo das transações, e defende que o papel do regulador do sistema financeiro nacional é garantir um embarque seguro no uso de dados e um ambiente competitivo com nivelamento de oportunidades para todos.
– O Banco Central vê com bons olhos e acha que será inevitável a entrada de outros atores que hoje estão fora do perímetro, especialmente as fintechs, mas temos a responsabilidade de garantir um ambiente competitivo não só do presente, mas do futuro. Foi a parceria do sistema bancário com a inovação e o empreendedorismo de muitos que permitiu essa efervescência que vemos hoje – salienta Mello.
Outro palestrante da noite foi Ricardo Geromel. Autor dos best-sellers “O Poder da China” e “Bilionários”, ele apresentou seu conhecimento sobre o país asiático, ressaltando a existência de um duopólio tecnológico da China e dos Estados Unidos, com o qual o Brasil precisa ter “jogo de cintura” para lidar.
– Não é preciso ficar do lado de ninguém. Precisamos ter habilidade para lidar com todos e, para isto, precisamos ter leis específicas, porque as leis não são claras, atualmente. Na China, controlaram o monopólio censurando. Aqui, o monopólio é de quem? – observa.
O advogado Ronaldo Lemos, especialista em tecnologia e sociedade, chama a atenção para a oportunidade que o Brasil tem para dar um salto e mudar sua matriz produtiva, diante do avanço das tecnologias. Por outro lado, a nação precisará tomar cuidado com a ameaça que as grandes plataformas representam para a posição do país, diante da perda de competitividade:
– Estamos em um momento de tomar decisões muito importantes sobre qual será o papel da tecnologia no desenvolvimento do país, o que é fundamental, porque as janelas se fecham muito rápido. O governo que não virar uma plataforma tecnológica perderá a capacidade de governar. A guinada para o digital vai acontecer de qualquer forma, mas, se não planejarmos, vai acontecer de forma fragmentada, com problemas.