O jornal O Globo informa em seu site que a presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Ana Arraes, determinou o afastamento do auditor Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques e a abertura de um processo disciplinar para apurar a sua participação na elaboração e vazamento de um documento que contestava o número de notificações de mortes por Covid-19 no Brasil. Ana Arraes solicitou ainda que a Polícia Federal abra um inquérito para investigar o caso. E a CPI da Covid convocou o auditor para prestar depoimento.
Alexandre Marques é apontado como suposto autor do documento, que foi citado pelo presidente Jair Bolsonaro como “prova” de que a pandemia estaria superdimensionada. O TCU desmentiu o presidente, que admitiu estar errado. Hoje, porém, Bolsonaro voltou a citar o TCU para dizer, sem evidências, que pode haver supernotificação das mortes.
Detalhes: no despacho em que pediu o afastamento do auditor, o ministro-corregedor do TCU, Bruno Dantas, diz que Alexandre é suspeito de manipular ações de fiscalização do tribunal e que se essa prática ficar comprovada ela seria “gravíssima”. Também afirma que é preciso apurar se Alexandre teria agido por motivações ideológicas.
Em foco: Alexandre Marques é filho do coronel reformado do Exército Ricardo Silva Marques, que foi colega de turma de Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman). No atual governo, Ricardo Marques foi nomeado na gerência-executiva de Inteligência e Segurança Corporativa da Petrobras. Interlocutores ouvidos pelo GLOBO afirmam que Alexandre teria dito a seus superiores que seu pai seria o responsável pelo vazamento do documento ao presidente.
Entenda: o documento que está no centro da crise é um arquivo de duas páginas que, sem apresentar evidências científicas, coloca em xeque o número de mortos por Covid-19 no Brasil.