Porto Alegre, segunda, 21 de outubro de 2024
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"Estou no páreo". Eduardo Leite; Revista Piauí

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O governador gaúcho está confiante de que pode ir do Pampa ao Planalto. Leite, na ala residencial do Piratini: no segundo turno em 2018, ele deu a declaração que o persegue até hoje – anunciou voto em Bolsonaro. Hoje, faz oposição ferrenha ao presidente CREDITO: FABIO BARTELT_2021

 

 

O Palácio Piratini, sede do governo do Rio Grande do Sul desde 17 de maio de 1921, é uma joia da arquitetura neoclássica, encravada no Centro Histórico de Porto Alegre. Num estado onde as paixões políticas extremadas levaram a revoluções fratricidas – a última delas em 1923, quando o Piratini era ocupado pelo caudilho Borges de Medeiros –, conta-se nos dedos as vezes em que a palavra conciliação foi mencionada nos corredores do palácio. As revoluções ficaram para trás, mas as relações entre os partidos políticos de esquerda, de centro e de direita que há décadas se alternam no poder não costumam ser das mais amigáveis. No dia 17 de maio de 2021, no entanto, dia em que o Piratini comemorou seu centenário, o jovem governador do PSDB, Eduardo Leite, de 36 anos, conseguiu uma façanha. Reunir, para um almoço, ex-governadores de distintas correntes políticas que ocuparam o Piratini nas últimas quatro décadas.

Pela primeira vez na história recente, a longa mesa do Salão dos Banquetes do Piratini, coberta por uma toalha bege de tecido adamascado, sobre a qual pousavam arranjos de rosas brancas, taças de cristal e porcelana branca de um século atrás, foi ocupada pelo anfitrião e mais cinco ex-governadores de partidos que quase sempre estiveram em lados opostos: Jair Soares, mandatário do estado pelo então PDS, herdeiro do partido que dava suporte à ditadura militar; Pedro Simon, do MDB, que fazia oposição à ditatura; Olívio Dutra, do PT; Yeda Crusius, do PSDB; e José Ivo Sartori, derrotado por Leite nas eleições, também do MDB. Quatro ex-governadores vivos não compareceram: o petista Tarso Genro, o tucano Antônio Brito e o emedebista Germano Rigotto, que alegaram compromissos prévios, além de Alceu Collares, do PDT, por problemas de saúde. “É uma alegria poder estar com cada um deles hoje”, discursou o governador na live que transmitiu a abertura do evento. “Afinal, a história do Rio Grande do Sul passa por esses mandatos, conferidos pelo voto popular”, concluiu, ao lado dos convidados, antes de conduzi-los para o almoço a portas fechadas.

Dialogar civilizadamente com os opositores é uma das características de Eduardo Leite desde o início de sua curta, porém profícua vida pública, que começou aos 19 anos, quando ocupou a chefia de gabinete na Prefeitura de Pelotas, passando pela presidência da Câmara de Vereadores da cidade, onde se elegeu prefeito aos 27 anos, em 2012. Contrário à reeleição, deixou o cargo ao final do mandato, em 2016, com 87% de aprovação, mas emplacou no posto a sua vice, Paula Mascarenhas, do PSDB, eleita em primeiro turno. Foi o único prefeito das grandes cidades gaúchas a eleger o sucessor. Depois do sucesso na prefeitura, foi convocado pelo partido para concorrer ao governo do estado, em 2018. Venceu Sartori, que concorria à reeleição, e montou uma base de apoio que lhe garantiu maioria na Assembleia Legislativa. Com isso, nos primeiros seis meses de governo, conseguiu aprovar reformas para equilibrar as combalidas contas do estado, que exibiam a pior situação de caixa da federação.

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