Porto Alegre, quarta, 27 de novembro de 2024
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'Estamos à deriva do ponto de vista da economia', diz ex-diretor de política monetária do BC; O Estado de São Paulo

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Para Luís Eduardo Assis, o ciclo de aumento da taxa de juros ocorre num momento em que a economia ainda está fragilizada em razão da pandemia. Luís Eduardo Assis, economista, ex-diretor de Política Monetária do Banco Central e presidente da Fator Seguradora Foto: DIVULGAÇÃO

 

 

O ciclo de alta da taxa básica de juros, a Selic, ocorre em um momento delicado para a economia, que ainda se encontra fragilizada em razão da pandemia e com o desemprego atingindo cerca de 14,8 milhões de brasileiros. Com a proximidade das eleições, dificilmente a taxa de câmbio poderá aliviar as pressões na inflação, o que pode fazer o Banco Central continuar elevando os juros em 2022. Esta é a avaliação do economista Luís Eduardo Assis, ex-diretor de Política Monetária do Banco Central. Em entrevista, ele afirma que os juros mais altos tendem a prejudicar as famílias mais endividadas e a falta de um plano econômico do governo prejudica ainda mais a situação. “Nós estamos à deriva do ponto de vista da economia”, diz.

Na avaliação do sr., qual o impacto da alta da Selic para a economia?
A principal questão é que o Banco Central teve que iniciar um ciclo de elevação dos juros com um desemprego acima de 14%. Isso não acontecia antes. A última vez que ele começou a subir juros foi em 2013, e o desemprego estava na faixa de 7% ou 8%. Esse é o grande dilema. Tivemos um choque no ano passado absolutamente excepcional. Em geral existe uma correlação negativa entre preço de commodities e a taxa de câmbio. No ano passado, essa correlação não prevaleceu. A elevação do preço das commodities foi muito significativa. E houve também uma desvalorização cambial. O aumento do preço das commodities medido em reais foi de 72%, somando esses dois efeitos. É um choque gigantesco.

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