Porto Alegre, terça, 26 de novembro de 2024
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Porto Alegre: Instituição de Educação Infantil Construindo o Amanhã expande atividades. Entidade adotada pelo empresário Jefferson Furstenau quer melhorar qualidade do ensino para crianças da Vila Jardim

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Jefferson e voluntários no Natal da Construindo o Amanhã. Fotos: Celio Azevedo

 

Ele é grande em todos os sentidos e não passa despercebido por onde anda. Dentro daquele “corpanzil” há um grande coração batendo e espalhando amor, alegria e amizade. Não bastava a ele, empresário, pai e avô, colaborar financeiramente com a educação de crianças moradoras da Vila Jardim. Ao conhecer o projeto e as necessidades, jogou-se de cabeça no trabalho e, com afinco, abnegação e discrição, dividiu o tempo entre uma causa humanitária e a Sun Motors.

O bem-sucedido homem de negócios, Jefferson Fursternau, transformou-se em ativista social. O projeto que mais o encanta, e faz com que os seus olhos brilhem mais forte, é a Instituição de Educação Infantil Construindo o Amanhã, que atende dezenas de crianças oriundas de famílias em situação de vulnerabilidade. Sozinho, viabilizou a compra do terreno onde existe a escola, o objetivo agora é melhorar as condições do local para dar uma assistência cada vez mais digna aos pequenos. Por sinal, #ficaadica, ele está buscando parceiros que possam contribuir com a doação de material de construção e trabalhos voluntários.

Há um outro Jefferson, portanto, além do homem oriundo do ramo automobilístico, cujo pai foi sócio de uma concessionária DKV, transformada em Volkswagen em 1966. Profissionalmente, Furstenau iniciou a carreira na década de 80, atuando na extinta Karl Iwers. Em 1991, abriu a Furst Veículos. Entre 1992 e 1994, presidiu a Associação dos Revendedores de Automóveis Usados do Rio Grande do Sul. A partir de 1995, passou a dirigir a Kia Sun Motors, uma das mais antigas concessionárias de importados no Brasil.

A minha conversa com ele hoje é sobre o trabalho social:

 

FV – Em 2014, quando recebeste o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre, disseste que a tua vida era pautada em sonhos e trabalho. Fazia quase dez anos, então, desde o apadrinhamento da associação comunitária na Vila Jardim, onde existe a escola de educação infantil Construindo o Amanhã. Olhando para trás, comparando o que era a instituição, naquele início com 18 crianças num espaço improvisado, até o presente momento, como é que tu enxergas o resultado do que vem sendo construído?

JF – Esse sonho surgiu em 2002. Nós tínhamos quatro concessionárias da Kia, após a venda da sede em Caxias, e aconteceu aquela grande crise financeira e cambial, com falta de produtos na Coréia desde a crise dos Tigres Asiáticos. Precisamos enxugar as atividades, achei que fosse quebrar, e todas as empresas foram concentradas na avenida Ipiranga. A recuperação se iniciou no biênio 2004/2005, quando voltaram a respirar, porque o ano de 2003 foi de grandes perdas. Nesse momento, quando percebi que iria retomar, decidi retribuir o que vinha recebendo da sociedade e adotamos a creche; então, era uma creche. E funcionava no porão da casa da mãe de Jandira Machada dos Reis, na rua Israel, hoje estamos na Barão de Bagé.

A Jandira já era a diretora da escola. No primeiro momento, foi meio chocante ver as condições em que ficavam 18 crianças num espaço pequeno, úmido, sem ventilação adequada, e apenas duas senhoras fazendo tudo, cozinhando e trocando fraldas. Então nós decidimos nos engajar no projeto. Comparando com o que é hoje, fica até difícil de traçar algum parâmetro. Hoje as crianças têm assistência de nutricionista, recreacionistas, recebem uniformes e cinco refeições diárias. Após a ampliação, teremos capacidade para atender 87 crianças, cujas famílias também recebem cestas básicas.

FV – Atualmente, quantas crianças são atendidas? E quantos profissionais estão envolvidos no trabalho diário, entre educadores e o pessoal de apoio? Vocês estão com sede própria? Poderias falar um pouco sobre esse processo, de como aconteceu a conquista do espaço definitivo?

JF – Hoje atendemos 53 crianças. Após a ampliação, cujo término é previsto para março, teremos capacidade para atender 87. São 18 profissionais envolvidos, sendo 13 diariamente, entre educadores e pessoal de apoio (limpeza, cozinha e serviços gerais). Além disso, outros cinco profissionais fazem visitação e acompanhamentos semanal em nossa sede, localizada na Rua Barão de Bagé, 317. O terreno nós conseguimos comprar em janeiro deste ano.

Desde 2010, estamos no mesmo endereço. O processo de aquisição da sede foi longo, o prédio havia sido locado por 11 anos e eu banquei esse aluguel. Houve um tempo em que chegamos a encampar outra escola, para crianças de 7 a 14, mas não deu certo e direcionamos todos os esforços para qualificar ainda mais a instituição de educação infantil. Ao longo desse tempo, foram feitos movimentos para arrecadar fundos. Eventos beneficentes, basicamente. Em janeiro de 2021, a sede atual foi comprada.

FV – De que forma são mantidas as atividades da instituição? Existe o convênio com a Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Educação, a exemplo de outras instituições. Esses recursos, por óbvio, não cobrem o montante necessário para que as aulas e outras ações ocorram. Como é que vocês conseguem manter as portas abertas e ainda expandir? Ou seja, como se dá essa rede de solidariedade formada em torno da entidade? De onde vem ajuda? De empresas ou pessoas físicas? De ambos?

JF – A manutenção financeira ocorre por meio do convênio com Secretaria Municipal de Educação (Smed), que custeia os salários da maioria dos colaboradores e professores. Também fizemos um acordo com Sesc-Sesi, que oferece rancho mensal para distribuir à comunidade, coisa que também é feita pela Sun Motors. Além disso, temos convênio com a CEASA, recebemos ajuda de pessoas físicas e eventos beneficentes. A própria Sun Motors também ajuda. Houve a colaboração de vários segmentos, inclusive a maçonaria e o pessoal do Lyons.

FV – Pessoas físicas e jurídicas interessadas em ajudar, como fazem? Toda ajuda é bem-vinda, mas, existe algum tipo de auxílio específico que vocês buscam para 2022 em diante?

JF – Qualquer um pode ajudar. Tudo é sempre muito bem-vindo; alimentos, principalmente. No momento, entretanto, estamos em busca do material de construção. Quem não tiver recursos, também pode ajudar muito, porque as crianças precisam de atenção. Carinho e abraços fazem um bem muito maior. Se houver alguém interessado em trabalho voluntário, pessoas que ministram oficinas de música e arte, por exemplo, também serão bem-vindos da mesma forma, porque nós sempre buscamos esse tipo de parceria, pensando nas crianças. Basta entrar em contato conosco. Os telefones da escola: (51) 3517 9395 ou 3338 9395; celular: 99155 9875.

FV – Voltando à primeira pergunta, “vida pautada em sonhos e trabalho”, quais são os teus projetos para o ano de 2022, sobretudo nessa parte do trabalho solidário, um empresário bem-sucedido que encontra tempo e tem disposição de sobra para ajudar a quem mais precisa?

JF – Pois é, vida feita de sonhos. O meu principal objetivo, para ter um sonho realizado em meados de 2022, é que a gente consiga concluir as obras e fazer uma reinauguração da instituição. Esse é o objetivo principal e, talvez com isso, tenha encerrado a minha missão, o meu ciclo de mantenedor, mas, ainda não poderia me desvincular totalmente, porque existem laços fraternos que surgiram, inclusive na afetividade com as crianças e amizade com os colaboradores.
Como empresário, para 2022, gostaria de gerar mais emprego. Às vezes, me pergunto: o que faz a pessoa acordar um dia e dizer: vou montar um novo negócio? Na verdade, não me considero empresário, mas um empreendedor e isso passa pela geração de empregos a colaboradores que crescem junto conosco. Queremos dar opções a quem busca alternativas no mercado, sobretudo no ramo do automóvel, que é a nossa principal atividade. Em 2021, trouxemos a Suzuki duas rodas a Porto Alegre, e montamos uma corretora de seguros dentro do grupo. Para o ano que vem, pretendemos trazer mais alguma novidade, sempre naquele espírito que se encaixa no sonho de gerar oportunidades.