Em um comentário enviado para a base de investidores da Necton, o economista-chefe André Perfeito, avalia que num ambiente de más notícias no campo inflacionário devido a choques de todas espécie e de uma elevada indexação doméstica o que fez espraiar a inflação para quase todos os componentes, uma boa notícia começa a se configurar. Como costumo brincar “a boa notícia é que está ruim” e isso é particularmente verdadeiro na inflação onde os elevados patamares criam eles mesmos dificuldades para subir mais ainda na margem e mesmo em 12 meses podemos estar de fato vendo um recuo.
Corrobora para este movimento, obviamente, a ação do Banco Central que tem elevado os juros de maneira tempestiva e com isso tem auxiliado na contensão via taxa de juros contracionista e também no campo das expectativas.
André Perfeito Foto: Divulgação
O IGP-M veio ligeiramente acima das expectativas (0,52% contra 0,50% da mediana e 0,47% das nossas projeções). A diferença é tão pequena que dá para dizer que veio em linha especialmente porque o mercado acertou o movimento de queda. Nos chama atenção a queda forte do IPC, preços ao consumidor, que recuou de 1,53% para 0,35%.
Fontes importantes de pressão inflacionária estão se estabilizando como a gasolina que havia acelerado 5,86% no mês anterior e agora 1,01% na margem. Quanto mais tempo passa mais essa alta ficará para trás abrindo espaço para que a inflação seja mais baixa.
Apesar destas melhoras relativas isto não quer dizer de forma alguma que a situação está boa, com a renda relativamente estável isto implica dizer que o conjunto das famílias ainda irá sofrer um ajuste no seus padrões de consumo.
Seja como for uma boa notícia na margem que pode ancorar em parte as expectativas sobre a SELIC e mantemos a perspectiva de mais uma alta de 50 pontos base fazendo a taxa básica ficar em 13,25% e encerrando aí o ciclo.
