Síndrome que afeta o sistema gastrointestinal, a Doença de Crohn tem incidência maior na faixa dos 20 aos 40 anos de idade. Sendo um fator de risco para o câncer de intestino, um dos grandes desafios para parte das pessoas acometidas pela condição é a não resposta ou perda de resposta à terapia padrão. Mas um novo tratamento pode ser a esperança para esses pacientes.
O Instituto de Pesquisa do Hospital Moinhos de Vento está recrutando voluntários para uma pesquisa com o Mirikizumabe. A fase 3 do estudo clínico está avaliando a eficácia e segurança desta molécula comparada com Ustequinumabe (terapia padrão) ou placebo. Em ensaios de fase 2, grande parte dos voluntários apresentou melhora contínua dos sintomas e/ou redução da inflamação intestinal.
O gastroenterologista do Hospital Moinhos de Vento e líder do estudo na instituição, Jonathas Stifft, destaca que o Mirikizumabe pode ampliar a gama de tratamentos para a Doença de Crohn. “Nos últimos anos, novas terapias surgiram e o desafio é escolher a medicação correta para cada quadro clínico. O que nós visamos é, sobretudo, uma melhora na qualidade de vida dos pacientes e uma sobrevida livre de inflamação“, explica.
Por se tratar de uma enfermidade de alta complexidade, não são todos os tratamentos que funcionam para todos os casos. “Quanto mais ampliarmos as opções e mais pesquisa clínica for realizada para descobrir novas moléculas de tratamento, melhores alternativas teremos para cada perfil de paciente”, pontua.
Para o estudo multicêntrico com o Mirikizumabe, estão sendo recrutados pacientes com mais de 18 anos e Doença de Crohn moderada a grave. Cerca de 1.100 voluntários devem ser incluídos na pesquisa em diversos centros de pesquisa. Em Porto Alegre, os interessados devem ligar para o Instituto de Pesquisa Moinhos pelo telefone (51) 3314-2965.
Sobre a Doença de Crohn
A patologia é uma condição crônica imunomediada e inflamatória do trato gastrointestinal. Atinge mais comumente o final do intestino delgado (íleo) e o início do cólon, mas pode afetar qualquer parte do sistema, da boca ao ânus. Costuma provocar diarréia, cólica abdominal, às vezes febre e sangramento retal. Perda de apetite e de peso subsequente também estão entre os sintomas.
A Doença de Crohn não tem cura e ainda não se conhecem as suas causas. Porém, existem terapias para controlar os sintomas e os pacientes podem ter vida ativa e produtiva. Estima-se que atinja 10 milhões de pessoas no mundo.
Pelo fato dos sintomas variarem de caso a caso, mais da metade dos pacientes brasileiros com Crohn esperam mais de um ano para serem diagnosticados. Essa demora piora a qualidade de vida.
De acordo Stifft, o desafio é a necessidade de uma combinação de modalidades de investigação. “Temos que mapear a história clínica, exames de sangue, imagem do intestino delgado, colonoscopia e avaliar todos os parâmetros conjuntamente para determinar o diagnóstico. E é fundamental que se detecte rapidamente a enfermidade para que seja tratada da maneira mais assertiva possível”, conclui.