Porto Alegre, quarta, 27 de novembro de 2024
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Cooperativas de infraestrutura gaúchas planejam investir R$ 1 bi em projetos de energia até 2025. Projetos envolvem pequenas centrais hidrelétricas e novas redes de distribuição

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Segundo o presidente do Sistema Ocergs, Darci Hartmann, as cooperativas do setor estão bem adaptadas e prontas para um grande crescimento do cooperativismo do RS já nos próximos anos. Foto: Leonardo Machado

 

Nos próximos três anos, as cooperativas de infraestrutura gaúchas devem injetar R$ 1 bilhão na economia do Estado somente em projetos de energia. Segundo pesquisa inédita da Federação das Cooperativas de Energia, Telefonia e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul (Fecoergs), vinculada ao Sistema Ocergs, os dados contemplam empreendimentos como a construção de PCHs (pequenas centrais hidrelétricas), além de implementação de redes — como as de distribuição e trifásicas. Só em 2022, já foram aplicados R$ 700 milhões por meio de seis cooperativas: Certel, Ceriluz, Coprel, Certhil, Creral e Certaja.

Um dos maiores investimentos foi da Certel, de Teutônia: a construção da hidrelétrica Bom Retiro, em um custo estimado de cerca de R$ 250 milhões. A usina — que será implementada no entorno de uma eclusa no Rio Taquari, na região dos municípios de Bom Retiro do Sul, Lajeado, Estrela e Cruzeiro do Sul — terá uma potência instalada de 30 MW a 35 MW. Com isso, poderá atender a uma cidade com aproximadamente 100 mil habitantes. A expectativa é de que a unidade possa entrar em operação dentro de três anos.

Segundo o presidente do Sistema Ocergs, Darci Hartmann, as cooperativas do setor estão bem adaptadas e prontas para um grande crescimento do cooperativismo do RS já nos próximos anos. “A infraestrutura tem se mostrado de grande importância, liderando os projetos de investimento”, observa, pontuando que o crescimento tem sido exponencial também em todos os ramos do cooperativismo. Ele destaca a importância desses investimentos para o agronegócio. “Sem energia não teríamos irrigação ou acesso à luz. Além disso, a conectividade tem sido um dos trabalhos mais importantes por sua função social. Sem estabilidade na energia ou conectividade, não há condições de trazer ou deter as pessoas no campo”, reforça.

Desenvolvimento regional

Superintendente da Federação das Cooperativas de Energia, Telefonia e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul (Fecoergs) e membro do Conselho Administrativo do Sescoop/RS, José Zordan ressalta os frutos que esses investimentos rendem para o Estado. Ele destaca não apenas o fornecimento de energia elétrica, mas também a internet. “Essas ações possibilitam que muitas pessoas permaneçam no campo, principalmente os jovens. A cooperativa continua sendo uma entidade junto aos produtores rurais e da agricultura familiar que incentiva, participando do desenvolvimento e proporcionando emprego e renda”, diz.

As cooperativas têm procurado investir em subestações e no reforço de redes de energia para que os cooperados possam ter energia de qualidade e, assim, aumentar a produtividade. “Antigamente, era uma questão de falta de luz no campo. Hoje, é de força, de potência, para que, além do lado social proporcionado pela energia, os produtores possam fazer mais investimentos”, destaca Zordan.

Para aprimorar o atendimento nos segmentos de energia e de telecomunicação, está em andamento o programa Energia Forte no Campo, uma parceria com o governo do Estado. Outra ação — o Internet no Campo — está em discussão e pode tomar forma em breve.

Dados do setor

Mais de 298,4 mil famílias gaúchas são beneficiadas com os serviços das cooperativas de Infraestrutura, que estão presentes em 369 municípios do Rio Grande do Sul, isto é, em mais de 74% das cidades gaúchas. E o setor segue em expansão. Estudo desenvolvido pelo Sistema Ocergs mostra que as cooperativas do ramo empregam 3.242 pessoas e reúnem 558.831 associados, o que representa um crescimento de 2,7% em 2021 em relação ao exercício anterior. O faturamento do setor também cresceu, chegando a R$ 1,6 bi em 2021, um crescimento de 5%. Já as sobras apuradas passaram de R$ 151,3 milhões para R$ 192,7 milhões no período analisado.

Conheça os investimentos das cooperativas no Interior do Estado

CERTEL – Teutônia

Construção da hidrelétrica Bom Retiro

Investimento: cerca de R$ 250 milhões

Capacidade instalada: 30 MW a 35 MW

100 mil habitantes beneficiados

CERILUZ – Ijuí

Construção de duas centrais hidrelétricas: CGH Augusto Pestana e PCH Linha Onze Oeste

Investimento: R$ 173,5 milhões

Capacidade instalada: 25 MW

Licenciamento para CGHs Ponte Nova (1,3 MW) e Coronel Barros (3,6MW), com implantação prevista para 2023

COPREL – Ibirubá

PCH Tio Hugo, no rio Jacuí

Investimento: R$ 121 milhões

Capacidade instalada: 10,9 MW

Implantação da PCH Santo Antônio do Jacuí

Investimento: mais de R$ 45 milhões

CERTHIL – Três de Maio

Reinauguração da Usina CGH Buricá, entre os municípios de Independência e Inhacorá.

Investimento: R$ 12,5 milhões

Nova turbina com potência nominal de 1,39 MW e  novo gerador com 1.54 MW

Capacidade de geração do Rio Buricá passou de 1,39 MW para 3,24 MW

CRERAL – Erechim

Usina solar fotovoltaica em São Sepé

Investimento: R$ 14 milhões

CERTAJA – Taquari

Operação de uma subestação de energia em Vale Verde e linha de transmissão de 25km de extensão

Investimento: R$ 26,7 milhões

Moradores e associados de Passo do Sobrado, General Câmara, Santa Cruz do Sul e Rio Pardo serão beneficiados